10/26/2011

O novo mundo.

Hoje acordei protestando um monte de coisas que antes não havia pensado. Antes eu reclamava que ninguém me ouvia, hoje tenho pena das pessoas que retém o meu silêncio. Antes eu reclamava que ninguém dos meus amigos era culto ou interessante, hoje eu me tornei quem eu queria que eles fossem. Hoje os meus pensamentos mudaram de foco, não penso mais só em mim, agora penso num todo, penso numa multidão de pessoas que não tem pra onde ir, que não sabe aonde quer chegar, que não tem alimento para se abastecer. Vejo nosso novo mundo como o inferno, e alguém ainda duvida? Olhe ao seu redor, você vê nesse exato momento a televisão anunciando guerras, políticos corruptos, crianças estupradas, morte e violência, não é? E as coisas boas, e as pessoas boas, cadê? Onde foi que Deus (ou o ser humano) errou para que isso acontecesse? Deus nos deu seu filho para que ele fosse sacrificado para pagar os nossos pecados. Quantas pessoas que você chama de amigo faria o mesmo por você? Com certeza, poucos ou talvez nenhum. Hoje em dia não se pode confiar nem mesmo na sua própria sombra, pois é no escuro que ela também some. Há pais matando filhos e filhos matando pais. Isso não te envergonha? Isso vai muito mais além do que uma reportagem de dois minutos no jornal ou de um "oh-em-que-mundo-vivemos? Mude-o-canal,a-novela-vai-começar". Parece que ninguém se importa. Ninguém para pra analisar? Eu sei que há milhares de pessoas fazendo o bem nesse momento, doando agasalhos e comidas para os menos favorecidos, dando amor a quem nunca teve alguém presente em sua vida, compartilhando alegrias. A gente não ajuda só quando dá dinheiro, a gente ajuda dando amor também, sabia? Muita gente não quer seu dinheiro, nem sua casa, nem seu carro, algumas pessoas só querem amor e compaixão, mas me diz... você abraçaria algum mendigo se ele te pedisse? Você beijaria a face de uma criança negra aos trapos na rua? Você faz o que pra mudar o mundo? Senta em frente a tv e lamenta a humanidade? Pois é, meu caro, mau sabes que são pequenos gestos que move o mundo. Mova o mundo, mova o seu mundo. E lembre-se: quanto mais se dá, mais se recebe.

10/17/2011

Uma nova Clarisse.

Ninguém ouviu o meu silêncio, ninguém se importou em ouvir as minhas palavras não-ditas, ninguém se importou em me dar a mão enquanto eu caia. E eu caí. Não ralei os joelhos ou as mãos, eu me fodi inteira nessa queda. Ninguém ouviu os gritos de dor nas noites em claro? Ninguém percebeu os pulsos cobertos? Ninguém viu as auto-mutilações que eu me fiz? Ninguém leu as cartas suicidas que eu escrevia todas as noites? Ninguém parou pra perguntar como eu estava, se eu precisava de ar pra respirar ou um abraço pra confortar. Eu odeio os seres humanos, inclusive aqueles que estão próximos a mim. Eles não deveriam ligar de vez em quando pra perguntar das minhas novidades? Porque ninguém resolveu não se importar? Ninguém entende que palavras machucam e mesmo assim as atiram como se fossem rajadas de canhão? Os pulsos sangram, a dor parece muito maior pra quem vê de longe, mas pra mim é estesiante, quando eu me corto eu esqueço. E eu sei, não resolve, não passa, essa auto-mutilação só me faz acordar todos os dias e ver o erro que cometi ao me cortar, mas isso machuca. As pessoas machucam. Eu vejo gente errado e isso não é pecado, exceto quando faz outra pessoa sangrar. Eu sangro! Estou sangrando! Obrigada, raça humana, por serem tão cruéis e impiedosos. Obrigada por me mostrar a face de vocês. Essa noite eu não vou dormir.

10/10/2011

Te cuida, moço.

Moço, você tem algum tipo de cocaína espalhado pela tua saliva, mãos ou corpo? É que tenho te necessitado bastante ultimamente, tenho entrado em uma constante luta para me manter alerta ao que acontece a minha volta quando não estás por perto. Fujo de mim, sabe? Vez em quando acho que minha alma deixa meu corpo e vai de encontro a tua alma enquanto dormes até tão tarde, chego a imaginar como seria se estivéssemos juntos naquele instante, fico pensando em qual frase feita ou brincadeira sem graça faria para que eu pudesse rir ao teu lado, fico imaginando a que horas vou poder pôr meus olhos protetores no teus olhos protegidos.
Moço, tu põe morfina na comida que me alimenta pra que eu não sinta dor? É extraordinário o que acontece com meu corpo e com minha mente quando estou pertinho de você, todas as células do meu corpo começam a gritar, implorando para que você se aproxime um pouco mais, que me fale mais frases feitas e que faça piadas sujas bem na hora do almoço, porque só assim eu não sinto as dores que o mundo se impõe em trazer para mim todo fim de noite quando você não está.
Cada minúsculo lugar, tanto do meu coração como da minha casa, tem um pedaço teu, tem a tua voz, a tua risada, teu até o seu cheiro espalhado pelo ar. Mesmo quando longe, sinto você perto. Peço a Deus que proteja o que sentimos, que não deixe ninguém infortunar nossa maior riqueza.
Moço, tu já acordou no meio da noite preocupado com o que eu estava fazendo? Eu já, diversas vezes. Às vezes acordo suando frio, preocupada, com um medo danado do que possa ter lhe acontecido, mesmo que nada tenha ocorrido contigo. É nessas horas que tenho vontade de te ligar e acordar tua casa, tua família, tua vizinhança só pra saber se você foi dormir bem, se foi dormir pensando em mim, se sonhou comigo.
Sabe, moço, sei que sou pequenininha, que sou um tanto fraca e que pareço bastante forte por fora, mas não se engana com essa armadura que eu comprei em um botequim pra me esconder do mundo, tá? Tu sabe quem sou, conhece meu corpo e minha alma melhor que ninguém, sabe ler a verdade e a mentira que conto através dos meus olhos e lábios franzidos. Não se perca de mim, moço. Não se perca porque te quero, porque tenho orgulho do que somos, porque soubemos ser melhores na dor. Porque eu aprendi a abaixar minha armadura para que você pudesse me reconhecer na luta. Por que te preciso dia e noite, porque nadaria contra a correnteza e morreria na praia se precisasse. Porque, por você, eu faria isso mil vezes.

Enlou-crescendo.

A vida tem feito de mim homem louco e sombrio, desses que tem medo de se aproximar de qualquer pessoa ou objeto por medo de quebra-lo. Essa loucura, que no momento tenho achado muito normal, chama-se amor. Amo alguém que habita meu coração, pensamento, artérias, pulsação e todos os grandes e pequenos lugares que tenho dentro de mim. Sinto poesias ao invés de lê-las ou escreve-las, ouço cores ao invés de pinta-las ou admira-las, e o mais contraditório de tudo isso é que amo sem saber porque amo. Amo os pequenos detalhes, as pequenas e longas conversas, o breve silêncio que perdura em um beijo longo.
Apesar dessa loucura em que me meti nesse momento, ando sombrio. Tenho estado em outra dimensão quando não estou junto a tua alma para dar as mãos as minhas, tendo a me perder em lugares conhecidos por manter você em foco na minha mente. Quando me encontro rindo e achando graça da vida sem você ao lado, volto a enlouquecer e a culpa me toma pelas mãos e baila comigo até o momento da sua chegada. Acho que enlouqueci aos poucos, precisaram-se anos para me tornar um completo lunático por ti, mas não tenho do que reclamar pois a paz que hoje você me trás outro alguém jamais foi capaz de trazer.
Associo essa minha estupidez de viver por e para você aos males que já causei a todo ser humano nessa vida. Embora, esteja louco de amor e sombrio quando vejo você virar a esquina da rua, da minha mente e do meu coração, acredito que nunca sofri uma loucura tão equilibrada, tão ingênua, tão madura quanto a que sofro. Nunca senti um assombramento tão cheio de paz, tão cheio de flores e cores e tons novos. Que bom que você chegou e findou a minha paz, que bom que me assombrou. Que bom que me fez enlouquecer pela primeira vez, criatura.

Entreaberto.

Me libertei do passado reciclando outro por cima. Dizem que passado bom é passado enterrado e excluído da lixeira da memória, que bom mesmo é ir atrás de novas pessoas, novos lugares e de acontecimentos novos, não é que eu discorde desse ponto de vista universal, ao contrário: costumava pensar que qualquer coisa nova, pra mim, vale a pena correr o risco, ir atrás, se arriscar. Costumava pensar que a novidade de hoje é um bom motivo pra não querer saber a novidade do amanhã, porque por mais doce que seja, acaba trazendo sofrimento uma hora. Penso que se algo ficou inacabado, interrompido, no seu passado ele voltará para assombrar-te e cabe a você a decisão de enterra-lo mais uma vez ou resgata-lo para que possa dar continuidade ao que antes não havia findado.
Um grande problema de enterrar o passado mais uma vez é que haverá, ainda, inúmeras possibilidades de que ele volte e o aterrorize e assombre mais uma vez a tua paz. Foi assim que aprendi jamais enterrar algo que não teve fim, foi preciso que eu enterrasse milhares de vezes um caos interrompido para entender que problema enterrado nem sempre significa problema resolvido, às vezes enterra-lo quando não está totalmente terminado, assombra mais ainda sua mente.
Precisei limpar a minha própria bagunça para espantar os fantasmas do meu passado, tive inúmeras dificuldades, pois sou o tipo de pessoa que quando vê o presente se deteriorando tende a recorrer para as coisas e pessoas antigas, e era por isso que os fantasmas voltam sempre a me assombrar, porque eu deixava vírgulas, reticências e aspas abertas, mas nunca conseguia pôr um ponto a cada final de capítulo da minha vida.
Apesar de tudo penso que foi bom ter deixado entreaberto os capítulos antigos, foi assim que pude voltar atrás e reescreve-lo de uma forma mais honesta, mais bonita e mais gentil, foram esses capítulos cheio de vírgulas, reticências e aspas que me fizeram reescrever a minha história ao lado de quem me é importante. Sei que disse que é necessário pôr um ponto final a cada capítulo terminado, mas quando trata-se de alguém que você ama é necessário deixar todos os capítulos cheio de vírgulas, só assim você pode reescrever sua história da forma mais bonita que você puder.

10/03/2011

Pousa em mim, amor.

- Paciência, moça. Inverno é coisa passageira, quanto menos esperar o verão chega.
- Passa devagar, os dias se rastejam. Parecem que não querem acabar.
- Porque a pressa? Inverno é bom. Edredom, filme de baixo da coberta, chocolate-quente, agasalhos e comidas quentes.
- Acho que seria melhor se eu tivesse alguém para me aquecer.
- E não tem, moça?
- Não, não tenho.
- Ora, mas porque você não tem? Moça bonita como você é rara estar sozinha no inverno.
- Vai saber. Achava fácil quem quisesse me esquentar em dias frios, como hoje, agora mal tenho quem converse comigo no dia-a-dia.
- E o que foi que aconteceu pra isso acontecer?
- Acho que amadureci.
- Como é?
- É. Amadureci. Antigamente, tinha prazer pleno em arranjar desconhecidos que fossem capaz de me satisfazer. Seja com um abraço pra espantar o frio, um beijo para atiçar o fogo ou qualquer outra coisa. Mas, hoje em dia, sou careta.
- Careta?
- Sou, sim. Tenho prazer em ser só. Em me amar todos os dias em frente ao espelho, em precisar colocar três agasalhos pra não morrer de frio. É mais difícil ser assim, mas acho que dessa forma o amor chega mais rápido.
- Você não amadureceu, você enlouqueceu.
- Por que?
- Veja bem, não é porque você estando em sua própria companhia e se idolatrando em frente ao espelho vai achar alguém que a ame. Amor não gosta de clichê. O amor vai aparecer quando você estiver no altar com outro cara pronta pra dizer um sim. O amor requer paciência, loucura e distração.
- Distração?
- Sim. É preciso estar distraído para que o amor lhe chegue e se não for assim, o amor não vem.

De todos, você.

Dizem que o amor pode acabar na metade do relacionamento, acho que não passam de pessoas desinformadas sobre o verdadeiro amor. Quando amamos alguém, como eu o amo, a gente tende a ficar mais bonito por dentro e por fora. A gente quer estar assim para que vejam que o amor só fez bem, e é assim mesmo: o amor, seja lá como for, só aparece para nos fazer bem. O amor nasce com a gente, com o tempo e com a pessoa certa ele só é exposto para que todos ao redor possam admira-lo. Sinto pena de quem nasceu com o amor e nunca o expôr pra ninguém, porque é necessário ter amor nessa vida, é necessário partilhar o melhor e o pior de você com alguém que está ao teu lado em qualquer hora e a todo momento. Depois de inúmeros homens e romances fodidos, aprendi que o amor não é pra qualquer um, eu achava que se eu estava bem com qualquer um daqueles caras - os que passam e não marcam - eu tinha a obrigação de sentir algo por eles, mas não é bem assim que acontece. É necessário química, física, beijo e corpo nu. É necessário toque, olhos, mãos, entrelaçar de dedos. É necessário olhar nos olhos e sentir a alma transbordar de alegria por estar ao lado de alguém, e se isso não te aconteceu, paciência. O amor demora. Demora porque requer cuidado específico, requer atenção e paciência, mas quando ele vem a tona, tudo ao redor se transforma em poesia, e mesmo o que antes era ruim no seu dia-a-dia você já o faz sem reclamar, agora você tem motivos para sorrir, para cantarolar, pra achar a vida bonita e engraça. Eu o amo inteiramente. Amo cada curva, cada sinal, cada detalhe, cada bobagem dita e as não ditas. Amo os olhos, os lábios, a voz, o cheiro, o toque, o pulsar do coração e das veias. Eu o amo porque ele conseguiu pôr todo o amor acumulado desde que nasci para que eu pudesse expôr, eu o amo porque ele me conhece como ninguém, porque quando eu olho nos olhos dele eu sinto a minha alma transbordar de alegria. Eu tenho cantarolado, vivido e achando a vida linda, e tudo isso só porque ele chegou.

Só os loucos sabem.

Acho o amor um dos sentimentos mais maluco e bonito ao mesmo tempo. Calma, não se altere, eu te explico o meu ponto de vista: o amor é coisa de louco, é sim. É loucura você se doar para alguém que não sabe da sua existência, é loucura você querer saber os roteiros de alguém, as músicas mais escutadas e os programas de tv favoritos. É loucura você passar um dia de sol dentro de casa porque a pessoa que você ama tem nojo de afundar os pés na areia. Me diga, não é louco amar? E não é só isso, o amor é perturbador. Você sente ciúmes de coisas que não existe, você vê coisas onde não tem, às vezes tende a sentir calafrios por conta do amor. É tão estranho. Mas existe, sim, o lado bom. E esse lado, meu caro, é o melhor lado. O amor não gosta de clichês, você não vai receber flores no dia do seu aniversário, vai receber flores após chegar em casa com o cabelo lá em cima por conta do dia corrido. O amor é cura, também. Por causa do amor você ri sozinho, você quer ficar mais bonita, você acorda mais bem disposto, você não se importa em passar o dia ensolarado em casa porque ele não gosta de afundar os pés na areia. O amor, meu Deus, até a palavra é linda de se dizer, soletrar e cantar, mas o amor é pra poucos. É pra loucos. Só quem sofre dessa loucura consegue amar, seja lá qual for a forma de amor, só os loucos têm capacidade de amar.

Porta, janela e coração aberto.

Abre teu coração, criança. Espaço trancado não entra mosca, mas também não entra felicidade. Bota uma placa iluminada na tua vida que é pra atrair a multidão, que é pra atrair festa e borboletas no estômago. Arruma a bagunça que você fez, que os outros fizeram, limpa e varre, põe tudo de volta no lugar e o que não lhe for mais bem-vindo, joga na lata do lixo que um dia alguém recicla. Só não apareça pro mundo de cara, sorriso e coração fechado, não machuque um coração porque machucaram o seu, não desmanche um sorriso porque desmancharam o seu, não deixe cair uma lágrima de nenhum ser humano se você não pretende estar lá para enxuga-la. Aproveite enquanto é tempo, a vida parece passar devagar mas o tempo devora, então não perca tempo com coisas tolas, com pessoas bobas, com coisas ruins, perca seu tempo arrumando a tua vida, a tua recepção, ponha uma lista na entrada e quem não estiver lá, não entra. Não parece, mas coração também é festa, se você souber organizar.

Entra e senta.

Entre, a minha casa pode ser a tua residência, também. Senta no meu sofá, toma do meu café, fuma do meu cigarro, inala do meu ar, mas apareça mesmo que de vez em quando pra me dar um sorriso com os olhos. Entre, a minha vida pode ser a tua jornada, também. Rabisca o meu caderno, conserta o meu caminho, analisa as opções, mas não se esqueça de me dar a mão pra que eu possa me sentir segura nessa estrada esburacada. Entre, o meu coração pode ser a tua moradia, também. Alisa o meu cabelo, brinca com meus lábios, põe teus olhos atenciosos sobre o meu corpo, me pergunte o que penso de ti, mas não entre se for pra sair depois que arrumei e limpei um dos maiores espaços no meu coração pra você. Permaneça! Seja diferente, seja único, seja quem você quiser ser, mas seja um pouco meu, também.