10/03/2011

Pousa em mim, amor.

- Paciência, moça. Inverno é coisa passageira, quanto menos esperar o verão chega.
- Passa devagar, os dias se rastejam. Parecem que não querem acabar.
- Porque a pressa? Inverno é bom. Edredom, filme de baixo da coberta, chocolate-quente, agasalhos e comidas quentes.
- Acho que seria melhor se eu tivesse alguém para me aquecer.
- E não tem, moça?
- Não, não tenho.
- Ora, mas porque você não tem? Moça bonita como você é rara estar sozinha no inverno.
- Vai saber. Achava fácil quem quisesse me esquentar em dias frios, como hoje, agora mal tenho quem converse comigo no dia-a-dia.
- E o que foi que aconteceu pra isso acontecer?
- Acho que amadureci.
- Como é?
- É. Amadureci. Antigamente, tinha prazer pleno em arranjar desconhecidos que fossem capaz de me satisfazer. Seja com um abraço pra espantar o frio, um beijo para atiçar o fogo ou qualquer outra coisa. Mas, hoje em dia, sou careta.
- Careta?
- Sou, sim. Tenho prazer em ser só. Em me amar todos os dias em frente ao espelho, em precisar colocar três agasalhos pra não morrer de frio. É mais difícil ser assim, mas acho que dessa forma o amor chega mais rápido.
- Você não amadureceu, você enlouqueceu.
- Por que?
- Veja bem, não é porque você estando em sua própria companhia e se idolatrando em frente ao espelho vai achar alguém que a ame. Amor não gosta de clichê. O amor vai aparecer quando você estiver no altar com outro cara pronta pra dizer um sim. O amor requer paciência, loucura e distração.
- Distração?
- Sim. É preciso estar distraído para que o amor lhe chegue e se não for assim, o amor não vem.

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