Não há o que me salve da vida.
Não há o que me salve da morte.
Não há, nem mesmo, um abrigo pra mim.
Muito menos a quem me apegar.
Já não há ancoradouro em meu ser.
E eu não posso contar com ninguém.
O mundo é um hospício a céu aberto
E todo mundo está louco
Ou enlouquecendo aos poucos.
E estamos todos trancafiados em nós mesmos
E ocupados demais para olhar para a alma do outro.
E eu me desmancho em lágrimas sozinho no quarto escuro
E o grito é contido pelo meu travesseiro
Eu não quero acordar a minha família e os vizinhos.
Eu não quero que o mundo veja minha dor.
Por isso, todas as noites eu choro sozinho ao apagar das luzes
Parte porque ninguém se importa com o motivo
Parte porque eu não quero que ninguém me abrace agora
Porque estou ocupado demais nutrindo esse ódio em mim
Pra ser capaz de compartilhar minhas dores.
Porque sou egoísta demais pra ouvir o outro a fundo
Enquanto ele não puder ouvir a minha parte, também.
E é por isso que eu não vejo saída nesse absurdo
Porque todos estamos em um abismo indelicado da vida
Vivendo loucamente as loucuras que não entendemos.
Não há motivo algum pra viver, eu receio.
A pior parte está aí: também não vejo motivo algum pra morrer.
Não mais, porque de suicídio eu entendo bem.
Tentei me matar mais vezes do que já respirei.
É que eu sinto todas as dores do mundo
Mas ninguém me sente, entende?
Estou em um complexo infernal comigo mesmo
Estou deixando todo o meu pecado findar.
Estou me esquecendo de como sentir coisas boas
Estou me esquecendo de como ter bondade
Estou me esquecendo de como ser mais feliz
Estou me esquecendo de como fazer o outro mais feliz.
Porque, eu juro, se eu pudesse fazer algum ser sorrir agora
Talvez essa dor passasse por ora
E eu sorrisse também.
12/13/2014
12/12/2014
Sobre o inferno.
Eu queria
que Deus existisse para que pudéssemos conversar de igual para igual. Eu tenho
muitas dúvidas que vieram na bagagem existencial humana e que não podem ser
respondidas por outros seres humanos, talvez um ser superior pudesse me ajudar
com certas perguntas e respostas.
Eu olho para
o mundo no qual eu estou vivendo e nada me faz muito sentido. Vejo as grandes
pessoas tornarem-se maiores e inalcançáveis emocionalmente. Vejo o dinheiro
transformando tudo por onde passa. Poucos lugares e poucas pessoas não o
deixaram dominar. Não se deixaram dominar.
A Terra
nunca foi um bom lugar para se estar e para se viver. Queria bater um papo com
Deus sobre a possibilidade de um novo planeta, de um novo universo – não que
esses não existam, só queria a possibilidade de juntar os bons corações e
povoar um lugar diferente. A Terra anda caótica, os humanos andam infelizes.
Talvez não
seja o lugar, talvez sejam as pessoas. Talvez seja eu! Eu é que sou culpado de
grande parte dessa merda. É por aquele cara que passou por mim e eu não estendi
o olhar, a moça que pediu um trocado no ônibus e eu ignorei, aquela criança que
eu vi passando fome e cheguei a chorar mas não fiz absolutamente nada.
Porque é
mais fácil, sabe? Chorar e se comover é fácil demais. Ligar a TV, olhar o mundo
e lamentar é fácil. O problema está exatamente aí: comodismo. Estamos
acomodados a viver mal, a viver na pior e na tristeza. A gente se contenta com
o décimo terceiro salário achando que o mundo nesse mês é o melhor pra todos. A
gente se contenta ao ônibus lotado, ao moleque na sinaleira pedindo dinheiro o
dia inteiro, a gente se contenta a viver essa vidinha de merda.
Queria bater
um papo com Deus pra ele mandar outro dilúvio aí, vai que a gente melhora?
Porque, veja bem, se você não tem nada, você não perde nada! Seria melhor
perder os bens a saúde, perder o dinheiro a família. É melhor pra gente perder
o que traz renda do que perder o que traz paz.
O problema é
que nossa paz está dentro da gente, é algo único e intransferível. Ninguém pode
tirar sua paz, exceto você mesmo. É você quem se deixa abater pelos problemas,
pelas dívidas, pelo chefe chato do caralho. É você quem senta a bunda no sofá e
fica assistindo o mundo desmoronar e não faz nada. Somos nós que estamos
vivendo nessa vida medíocre e rindo quando nos jogam um grão de arroz no prato
a mais.
Deus pode
não existir. Ou pode estar aí ao seu lado. Eu não sei, vai saber? Não acredito
naquilo que meus olhos não veem. Mas ele pode mesmo existir e eu estar
redondamente enganado. Mas se ele existe, se ele existe de verdade, ele vai ter
que pedir perdão a muita gente.
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