9/29/2010

Alguma coisa sobre amor e destino

Sou dessas pessoas que tendem a ficar horas imóveis se estou a ler um livro,não reparo em nada,não observo nada,fico parada e você só pode ver duas coisas em mim nesse momento:minhas mãos quando passam página por página e os meus olhos que refletem cada sentimento a cada linha que leio.
Quando acabo ou quando acho que é meu limite eu me levanto,passo a mãos nos braços e saio porta a fora. Se acaso estiver em uma livraria,tendo a sair eufórica. Hoje foi um desses dias.
Mas,hoje,não vim falar sobre como me comporto diante de livros mas sim de alguém que desperta meu sentimento.
Já pensei em encontrar o amor em qualquer lugar:numa esquina,padaria,sorveteria,fila de cinema mas nunca pensei em encontra-lo em um ônibus porém foi assim que o encontrei.
Não estou falando sobre achar o amor da sua vida,estou falando sobre conhecer a alma de um desconhecido.
Quando no ônibus cheio,parei de frente para ele e com algum tipo de medo ele me fitou de baixo para cima já que estava sentado. A cada freiada,minha bolsa acidentalmente esbarrava no braço dele e eu sem onde enfiar a cara,fingia não ver. De tanto esbarrar ele perguntou:
- Quer que eu segure? - Voz passiva,calma,querendo conversa.
Respondi,trêmula - Não,obrigada!
De repente,o ônibus encheu e me vi amassada mas não me importei muito e meus olhos visualizaram ele. Reparei cuidadosamente no seu cabelo despenteado no estilo "acabei de acordar",na sua barba mal-feita,na mochila sobre o colo,na camisa pólo listrada.
Me senti tão dele naquele momento,como se eu estivesse observando o meu garoto e não um desconhecido.
E então o ônibus parou,ele levantou-se e sai da sua frente para lhe dar espaço. Minha garganta,nesse momento,ficou seca e deu um nó. Sentei no seu lugar assim que ele levantou e para minha surpresa ele não saltou.
E ele ficou ali em pé e me olhava quando eu não estava olhando e eu reparava nos detalhes dele quando ele olhava o horizonte através do vidro da janela. Examinei suas unhas,depois os pêlos do seu braço,seus sinais espalhados pelo rosto e pescoço,seu corte de cabelo...
E ficamos um examinando o outro por grande parte da trajetória.
O amor pode durar cerca de meia hora? - Pensei comigo e refleti.
O ônibus se movimentava e a moça negra que estava a estudar ao meu lado levantou-se. Não levantei,apenas girei minhas pernas para o lado deixando-a passar e assim,sucessivamente,dando espaço para que "ele" sentasse ao meu lado.
Nunca encarei tanto um desconhecido como hoje,nunca quis tanto saber o que uma pessoa estava pensando,nunca quis tanto que alguém me dirigisse a palavra.
Suspirava,virava,tentava não olhar,o coração apertava,as minhas mãos suavam e dei para estralar os dedos,segundos depois o vi secar as mãos na calça e logo depois estralar os dedos também.
No fundo havia um som. Akon(Don't Matter). Vi seus lábios abrirem e fecharem reproduzindo a letra da música em silêncio. Sorri de lado e o acompanhei cantarolando em silêncio. Seus dedos batiam no banco da frente representando os instrumentos tocados na música.
Balancei as pernas como alguém que esperava algo,e,na verdade,esperava qualquer coisa:um oi,um adeus,um beijo roubado,um pedido de número de telefone,qualquer coisa.
Não pediu. Quis pedir e não tive coragem. Suspirei.
O vi querer,o vi abri e fechar a boca diversas vezes,o vi olhar para mim e logo depois desviar o olhar.
Meu coração parecia carro de corrida em ação,acho que 160 km/h ou 160 batidas/segundos era o mínimo do meu coração naquele momento. Em alguns momentos eu esquecia de respirar.
Quando eu senti o cheiro que ele transmitia,me encolhi no banco e estremeci. Ele usava o mesmo perfume que eu. Senti ele estremecer também.
Não tive coragem de perguntar seu nome,telefone ou que tipo de música o faz a sua cabeça.
Não sei se o verei novamente e não sei onde encontra-lo,só sei que se o ver novamente eu perguntarei seu nome,telefone e perguntarei que música faz a sua cabeça.
Perdi o jeito quando ele levantou e eu fui obrigada a dar espaço para sua saída,quis prendê-lo,confesso.
E lá se foi ele pelo meio da multidão de pessoas espremidas,apertadas e amassadas até chegar a porta do ônibus e me olhar pela última vez e encontrar meu olhar o observando. Sorri para ele,ele sorriu de volta.
Não era amor,nem paixão... era melhor!

9/25/2010

Come and go.

Gosto de vodka na boca,sinto meus pulmões faltarem ar pelo excesso de cigarros fumado mais cedo,meus olhos estão se fechando a cada minuto e quando olho pro relógio ele parece correr e eu corro do tempo,por quê? Chego em casa,tendo a tirar primeiro o tênis,depois a roupa,depois me tiro de mim e me levo pra outra dimensão,corro pro banheiro antes que eu possa vomitar o apartamento novo. Me mudei faz uma semana e ele ainda não me visitou,ele não ligou,não mandou mensagem e nem escreveu uma carta. Se mudou também,se mudou de mim primeiro e depois de lar. Minhas coisas que ficara com ele chegou pelo sedex em um dia e meio após as últimas palavras que ele falou:"Esse é o nosso fim."
Estou perdendo cada dia em um bar na esquina,depositei todo o meu dinheiro em fichas de jogo e levei a vodka mais cara do mercado,fumo três à quatro pacotes de cigarro por dia e inalo minha própria dor. Já tomei veneno,já usei drogas,já parei em coma duas vezes na mesma semana pra ver se ele voltava e pedia pra ficar. Eu o aceitaria,assim como aceitei as mentiras,os truques,as outras mulheres,as trepadas no nosso sofá,na nossa cama...
Eu me tornei algo relativamente ruim pra ele ou pra mim?Do que ele cansou,na verdade?Por anos fui tudo aquilo que ele quis,fui a companheira perfeita,aquela que qualquer cara queria ter. Eu não tendia a brigar,a perguntar demais,a reclamar das noitadas com os amigos e nem do futebol no meio da semana e nem das horas extras que eu fingia acreditar.
Meu prazer era voltar para casa todas as sextas-feiras mais cedo e vê-ló deitado,dormindo com um anjo,talvez sonhando comigo ou talvez sonhando com elas. A verdade que ele ficava perfeito em qualquer posição,em qualquer aceitação,em qualquer palavra que se encaixava.
A verdade é que eu me tornei dependente de algo e alguém que eu não poderia ser mas acabei assim largada e abandonada como se fosse uma roupa bonita e boa no começo e depois de muito usada e surrada,deixaram-me para os mendigos.
Daqui há alguns dias comemorariamos nossos quatro anos de namoro,será que ele lembra?Será que ligará?Apesar da bebedeira,dos porres,dos comas,dos enredos errados e becos que tenho me enfiado,posso ficar sóbria para ele por um dia e se ele voltar posso ficar sóbria pelo resto das nossas vidas ou então até aquele "adeus" de novo.

9/16/2010

Um conto sem final feliz.

Começou quando ela tinha quinze anos e ele trinta. Ele era casado,com dois filhos. Ela era rebelde,fugira de casa por diversas vezes para patinar madrugada à fora. Se conheceram em uma roda de amigos loucos,drogados e alcoolizados. Sorriram na mesma freqüência,vibraram no mesmo tom. Olhares,mão nas mãos e por fim,um beijo delicado. Nada que estivesse programado ou escrito no roteiro. Tampouco,a madrugada acabou e o sol já veio,reluzindo o dia,trazendo paz. Quatro e meia da manhã,fazia frio no Rio de Janeiro. Ele estendeu sua jaqueta de couro para ela que a alcançou antes mesmo dele levantar totalmente suas mãos e leva-lá ao seu ombro e,assim,vesti-lá.
Foram felizes por uma noite,sem saber o nome um do outro e apenas com o número do telefone. Ela havia ligado dias depois,deixado alguns recados com a esposa dele para que ele a retornasse. Ele nunca retornou.
Mais uma noite na qual ela fugiu de casa,mesma roda de amigos e lá estava ele novamente. Mais uma noite juntos,mais uma noite de amor sem sexo,só com o brilho intenso dos olhos um do outro. Descobriram seus nomes,seus verdadeiros telefones e ela,por fim,pôde ver que todas as vezes que ligara uma mulher atendia o telefone com voz de dona de casa,crianças gritando... ele era casado?Sim,ele era.
Pesou seu coração. Sentiu vontade de jogar tudo pro alto já que estava tão no início que com o tempo nem daria falta. Não jogou nada pro alto,não naquela noite.
E foi assim,dia após dia eles ficaram juntos se amando,se conhecendo e se curtindo. Mal sabia eles dois o que o destino lhe guardava.
Em uma dessas noites que eles passaram juntos ele conseguiu então falar para aquela garota que tinha se separado da sua mulher e que a queria muito,como jamais quis outra mulher. Felicidade,esse era o nome dela daquele dia em diante.
Juntaram-se,viveram felizes por anos,casaram-se fora da igreja e fora do papel e aos vinte e um anos ela engravidou dele. Bênção de Deus,já que esperavam por isso há mais de anos. Ele para ela era tudo,um infinito em um só ser. Ela para ele era o mundo,o principio do universo. Por nove meses esperaram com cautela sua menina e a tiveram. Era perfeita,assim diziam um para o outro toda vez que a olhavam.
Um longo ano de cuidados com sua pequena se passou e eles,ainda,eram o casal mais unidos que eu conhecera. Porém,algo inesperado havia de acontecer.
19 de maio de 1996,poucos dias para sua filha completar um ano,ele saiu uma noite para trabalhar e pegou a estrada escura e derrapante. Ele sofreu um acidente naquela noite. Sua mulher estava em casa com sua filha,cuidando dela e algumas horas depois o seu telefone tocou. Seus olhos encheram-se de lágrimas. Era verdade?Tinha mesmo que acontecer isso logo com aquela adorada criatura?O seu amor se foi,assim,tão simples?Que dor foi essa que lhe tomou o peito naquele momento?Que vontade foi essa de morrer sem pensar em ninguém? E ela morria,a cada dia após aquela noite ela morria um pouco mais,morria em pensar nele,morria em segurar sua filha que era a cópia do seu pai. Por anos ela não conseguiu ser uma boa mãe para sua filha. Trancava-se no quarto e precisou da ajuda da sua mãe para conseguir seguir em frente. Ela chorava todos os dias. Eu também choro. Perdi duas pessoas nessa história: Meu pai,quando eu estava prestes a fazer um ano e a metade da minha mãe que ele levou com ele,que até hoje não consegue ser totalmente inteira. Chega o fim da história,sem um final feliz.

9/15/2010

O acaso me deixou tão só.

Errei,tenho errado há mais de mês e me culpado pelos erros que tenho cometido,embora não faça nada para melhorar. Pra piorar,você não está por perto. Fico pensando se esteve junto alguma vez. Um mar de dúvidas foi o que ficou. Passar por você e ver que,com o tempo,tudo desmanchou-se como papel quando cai na água. Puft. Sumiu o nós e restou você e eu para contar a história. Costumava me conhecer melhor que eu mesma,até os meus gostos sabia de cor,procurava me mostrar minhas qualidades para que eu não caísse em tentação de falar sobre o quanto eu era tão promíscua. Era incrível o elo que construímos em tão poucas semanas,em poucos meses. Eramos um do outro,não tive dúvidas enquanto estive ao teu lado mas como nada é perfeito,lá veio o tempo de novo se meter aonde não é chamado. E foi assim,bem simples,sem rancor e sem ódio como a maioria dos casais. Na verdade,não nos consideravamos um casal. Não um casal normal. Eramos mais opostos que o bem e o mal,tinhamos estilos diferentes e os nossos amigos nunca se olharam nem se quer uma vez. Por dois meses eu fui feliz e livre ao mesmo tempo,embora isso nunca tivesse acontecido comigo,me senti em transe. Nunca tive algo tão bom na vida como o carinho e respeito daquele rapaz,me senti viva com ele do meu lado. Eu me senti viva durante 60 dias e 60 noites. O grande problema é que sou difícil,sempre que algo está indo bem eu tenho medo que o tempo vá e dê a reviravolta que ele quer dar,então,eu mesma faço isso por ele. Só assim eu saberei que a culpa foi minha e não do tempo,o que seria um tanto mais doloroso. Que seja,tentei voltar atrás e perder meu orgulho mas quando criei coragem... cadê você? Meus olhos fitaram a multidão de pessoas vazias no pátio da escola até alcançar você. Lá estava você,com o braço em volta do pescoço de outra garota,sorrindo pra ela e ela pra ti. Ela nunca vai entender a metade do que eu entendia sobre você. Ela nunca verá você chorar,ela nunca conseguirá fazê-ló chorar. Eu fiz,eu chorei também e não me orgulho de tanta dor causada. Eu só queria tempo,mas o tempo não está mais ao meu favor. Game over!

9/05/2010

"No tempo da minha infância nossa vida era normal." (Ismael Gaião)

Algo me tomou o peito e naquele momento me passou pela minha cabeça as imagens de quando eu tinha os meus oito anos. Senti um frio na barriga tão gostoso,como se você estivesse indo entrar pela primeira vez em uma montanha-russa. Lembrei do que me era importante e das minhas prioridades naquele tempo: Ser feliz e brincar,até o mundo acabar. Queria ter essa prioridade ainda. Não gosto de crescer,odeio o fato que perco minha inôcencia a cada dia que passa. Odeio descobrir o mundo dos adultos. Pra mim,eu poderia morrer quando começasse a tal da puberdade,ou poderia ser seqüestrada pelo Peter Pan e nunca mais sair da Terra do Nunca. Seria tão bom perder meu tempo com coisas que realmente me importam e não com tanta futilidade. Gostava do tempo em que eu nem penteava o cabelo e ia pra rua e ninguém nem se quer comentava nada por que todo mundo estava desse mesmo jeito. Lembro do meu primeiro celular que ganhei aos nove anos,por algum acaso eu nunca falei com alguém através daquele telefone.
E os amigos?Ah,os bons e velhos amigos. Hoje em dia tão crescidos e esquecidos de como era bom ser feliz. Alguns são pais,outros estão na faculdade,outros casaram-se,alguns perderam-se no meio do caminho e alguns,e poucos,ainda mantém contato. Acho que esses são os verdadeiros,os que ainda têm alma de criança. Na verdade,todo mundo têm em si a alma de uma criança,o problema é que a alma do adulto vai se aprimorando a cada tempo que você vai crescendo. Futuro?Que nada! Quero mesmo é reviver todo o meu passado,com os dias morninhos,tardes quentinhas e noites frias nas quais eu me perdia em vielas e ruas desconhecidas brincando de esconde-esconde.

9/01/2010

Sobre os humanos.

Acho engraçado e hipócrita ao mesmo tempo. Nós,humanos,somos estranhos em todos os sentidos. Se amamos alguém precisamos demonstrar esse amor fazendo amor com a pessoa e não apenas demonstrando com palavras doces e gestos gentis. Parar para observar a pessoa amada,hoje em dia,não está com nada. Você só a fará feliz se pagar um quarto de motel de quinta,com um vinho barato e um sexo satisfatório. O que,vai dizer que você não pensa ou nunca pensou assim? Até eu já pensei assim! Pensei e por pensar me enganei e me renovei. Se é amor que seja pela cor dos olhos,pelo cheiro,pelos detalhes,por todas as pintas do corpo,pelos dedinho mindinho do pé ou pelo ardor que ela ou ele lhe transmite quando apenas toca em suas mãos. Amor,de verdade,eu sei que nunca senti pois se sentisse mesmo eu estaria com tal pessoa até hoje. Tive meus romances,meus loucos e inconseqüentes romances. Alguns duraram alguns anos,outros duraram alguns minutos. Pra mim,naquele tempo,quanto menos sentimento,melhor!Hoje,pra mim,quanto mais coração você der para qualquer relacionamento,mais vida! Imagine você se eu me trancasse dentro de mim e nunca mais saísse por causa de um amor mal resolvido... eu seria feliz?Acho que seria mais uma de tantas essas garotas que "foda-se o amor,vou curtir" e então esquece que sentimento existe e sai por ai beijando de boca em boca sem se quer saber o nome. Não descrimino essa ação,eu já fiz isso também e não me arrependo. Me arrependo apenas de ser quem eu era,dos meus conceitos e do modo que eu levava a vida e os pensamentos. Que bom que a gente cresce. Que bom que a gente,ou alguma parte de nós,entende que amor de verdade não é aquele que precise vim acompanhado de um sexo no primeiro dia de namoro ou numa primeira ficada. Acho que o importante não é o "sentir por dentro",e sim o sentir... apenas o sentir. Seja esse sentir o toque dos cabelos,sentir o sorriso ou se encantar por um olhar. Que seja qualquer coisa,mas que seja... sincero!

Uma noite no Parque Central.

Era incerto viver de tal maneira mas era assim que ela passava seus dias:A beira de um abismo. Ela não o tinha,supostamente,nem o conhecia tão bem para poder dizer que o amava. Mas conhecia seus detalhes. Sabia todos os detalhes que aperfeiçoavam seu rosto,sabia todas as pintas no seu rosto e descrevia a cor do seus olhos como ninguém jamais havia descrito. Era,também,a maior fã do seu sorriso. Começou a gostar dos Beatles e a tomar café por causa dele. Fez curso de fotografia e leu Paulo Coelho no livro Alquimista,duas vezes. Ela gostava do seu corte de cabelo e dos dias em que ele escolhia não pentear-lós. Ele era do tipo que tinha um grande sonho,já tinha uma bela namorada e já tinha sua vida quase ganha mas faltava-lhe amor. Ela,então,sabia que ele poderia encontrar o que faltava nela. Eles apenas precisavam se conhecer. Ele costumava acordar às seis e trinta da manhã e levava o cachorro para passear,voltava para casa com um sorriso bobo depois de uma lambida não muito agradável que recebera,porém,aceitava como um presente,depois voltava para rua com uma máquina fotográfica nas mãos e capturava qualquer coisa que lhe fosse conveniente. Ela sabia seus roteiros,sabia seus horários e costumes,sabia o que ele gostava e o que ele não suportava. Ela apenas queria ser a musa inspiradora daquele fotografo que até então não sabia da sua existência. Por um descuido dela,ele a percebeu na Praça Central da cidade conversando ao telefone e dando um sorriso meio de lado,como quem conversa com alguém que não é tão intimo. Ele a fotografou. O flash foi algo do qual os dois não esperavam. Ele a fitou como quem pede desculpas de longe,ela o fitou como quem pede para continuar. Sorriram,juntos,na mesma sintonia. Então,aproximaram-se um do outro com passos desengonçados e leves enquanto chegavam mais perto um do outro. Ela,por sua vez,pôde perceber todos os detalhes que completavam seu rosto e agora ela estava frente a frente com ele. Era realmente tudo aquilo que tinha sonhado,sim,ele era. Ele,por sua vez,pôde perceber pela primeira vez os cabelos dela caídos pelos ombros,seu sorriso que movia todo o resto do rosto e os olhos que,intimidados,olhava para o lado e para o outro mas nunca para os olhos daquele rapaz. Ele se desculpou por captura-lá sem seu conceito,ela não tinha muito a dizer,na verdade até tinha mas não sabia como colocar aquele rio de palavras para fora. Ela assentiu,como se liberasse uma criança para brincar na chuva e ele sorriu,como uma criança autorizado para brincar na chuva. Ele pediu mais uma foto. Ela,sem graça,cedeu. Por alguns instantes ela sentiu-se a sua musa inspiradora e ele sentiu uma grande nostalgia por fotografa-lá,não sabendo o porquê.
Às horas passavam e a noite no Parque Central parecia uma dessas madrugadas quando acordamos com insônia e olhamos para o céu da janela do quarto. Ele parou e a olhou pela última vez antes de dar um adeus gentil. Ela acenou para ele enquanto ia saindo,meio de lado,indo para qualquer lugar que o vento a levasse.
Ele voltou para casa naquela noite e dormiu pensando nela. Ela voltou para casa naquela noite e não dormiu.
Mais um dia amanheceu em Porto Alegre para aquele jovem fotografo e ele continuou a viver seus dias. Mais um dia amanheceu em Porto Alegre para aquela pequena garota e ela continuou a observar todos os dias os passos dele.
Ele ainda pensa nela,ela não para de pensar nele.