7/25/2011

O novo eu.

Ninguém pode me ajudar dessa vez. Ninguém poderá pegar cada grão de areia e me ajudar a construir um castelo na praia. Ninguém poderá pegar cada caco do meu coração partido e monta-lo novamente a não ser que eu esteja disposta a fazer isso por mim. Ninguém nunca vai sentir a dor que eu sinto, ninguém vai saber como é chorar por algo que nunca aconteceu, ninguém vai se pôr no meu lugar pra viver a vida que eu levo. Ninguém é capaz de ajudar, de amar da forma correta (seja lá qual for) e ninguém, ninguém mesmo, será capaz de viver por mim, foi pensando nisso que eu sai da cama essa manhã e cantei com os pássaros, foi apenas hoje que eu percebi que estou levando uma vida sedenta de uma pessoa que acaba de se divorciar e não de uma garota de dezesseis anos que ainda tem muito pela frente.
Eu sempre pensei assim: agora é agora, não existe depois. E pode ser que não exista mesmo mas tenho que sonhar com um amanhã melhor. Tenho que cuidar do coração partido e das lágrimas que molham as fotos rasgadas. Tenho que cuidar da minha saúde, dos meus pensamentos aleatórios e somente cuidar de mim. E hoje, pela primeira vez na minha vida, percebi que isso não é egoismo algum. Às vezes a gente não quer cuidar tanto de um ser humano a ponto de achar que ele pertence somente a você? Pois então, estou bem assim em relação a mim mesma, estou pensando em mim pra depois pensar no todo o resto que ficou e findou nessa minha vida.
Pensei em tirar férias, ir pra Milão semana que vem, deixar a casa arrumada e o coração livre pra quem quiser entrar, sentar e mostrar os dentes. Estou pensando que posso conviver com essa dor sem que ela se transforme minha arqui-inimiga, pensando que se é essa dor que eu vou sentir toda vez que eu me apaixonar e tomar um pé-na-bunda, que seja, que ela venha carregada de todos os sentimentos disponíveis pra mim porque vou viver tudo que ela puder me oferecer. Não estou com medo de ser feliz ou ser triste, estou com uma fé que não acaba. Não tenho mais medo de nada, de ninguém, só estou me sentindo muito abençoada e querendo viver tudo que posso aproveitando cada instante como se fosse o único instante que me resta.
Virei mocinha e bandida em uma história sem fim. Vou passar por muitas coisas ruins e muitas coisas boas e não vou precisar de ninguém pra me mostrar que sou boa o suficiente pra me reerguer e me tirar o pó da alma, dessa vez eu mesma vou pegar o espanador e limpar a alma, a casa e o coração. Que venha minha nova era e que eu possa sorrir dela quando chegar o meu final.

O assunto da vez.

- Tirar o "game over" da sua vida.
- Porque?
- Por que eu estou aqui pronto pra dar o "restart" nela.

7/20/2011

Complexos, displexos.

Deus, e eu que rezei tanto, e eu que pedi pena e curas, e eu que implorei tanto por band-aids no coração e nas cicatrizes espalhadas pelo corpo, hoje sou eu quem sofre por ser feliz demais. Sou um complexo gigantesco, eu sei, e me entender é o grande problema da humanidade. Talvez, se eu fosse analisada por um microscópio, alguém veria lá nas minhas células como sou de verdade porque ultimamente tenho pensado que sou assim: só corpo, só órgãos, só ossos, células e veias. Tenho me sentido muito feliz, admito. Daquela felicidade que a gente nem pensa mais em pegar a navalha e se cortar, pôr um dos pés no ar enquanto estamos em uma torre ou um local muito alto, do tipo de felicidade que a gente só vê em final de novela. E nossa, isso machuca muito mais do que sofrer. Ser feliz é um tédio. Não choro, não escrevo coisas depressivas, não gosto muito do café, fumo poucos cigarros, não tenho vontade de beber e nem de beijar caras mais novos. Não tenho vontade de sair com a primeira roupa do armário, de calçar o tênis sujo ou de me rasgar por dentro.
Agora eu acho a solidão muito bonita. Ela é doce, persuasiva, sedenta. É complexa, bem como eu e eu gosto muito das coisas que se parecem comigo. Eu feliz sou tédio puro, sou alma envenenada, sou sorriso demais e conversa demais e eu nem gosto de conversar. Não gosto de pessoas, não gosto de sentimentos, não gosto de sair, não gosto de viver "almofadamente" ou ler livros de beleza. Não sou assim.
Mas as pessoas leem isso e interpretam tão mal. Não é que eu prefira a dor, a escuridão, ao eterno sangue nos olhos, é questão de que quando a gente é feliz, ou pelo menos eu, fico meio abobalhada, meio dançando música sem melodia, meio querendo pôr felicidade onde não tem, meio querendo ver todo mundo feliz. E olha, tem muita coisa ainda errada comigo, muita felicidade que ainda vou viver, muita dor que vai bater na porta da minha casa e pedi uma xícara de chá. Vai ter muita coisa pra se viver, histórias boas e ruins pra se contar, pessoas que chegaram e ficaram e outras que só chegaram e se foram, bem assim.
Mas a verdade é que eu prefiro muito mais ser feliz do que viver naquela dor, naquela agonia em que eu vivia há uns seis meses atrás. Dói demais. Já pensou em alguém pegando um facão e te cortando ao meio e você sobrevivendo a isso? Acho que a dor da tristeza é bem assim. Ela não sabe quando vai embora, não sabe quando chega, não sabe se vai ou se fica, às vezes demora, às vezes passa rapidinho. Depende muito. Mas, às vezes, ela se entranha dentro da tua alma, toma conta do teu corpo e te faz de refém. A felicidade não, a felicidade liberta-te, solta tua alma... e é disso que eu tenho muito medo nela. Se me deixo levar pela felicidade, se deixo minha alma transbordar e se soltar por aí, logo logo aparece um obstáculo que a impede de ultrapassar e a faz voltar pro meu corpo e se acomodar triste em mim. E é isso, é isso que eu odeio nela. A complexidade de ser feliz me assusta muito. Mas com a complexidade da tristeza, bom, essa aí eu já me acostumei.
Feliz ou triste, hoje ou amanhã, aí vou eu. Complexo ou displexo, essa é a vida que Deus abençoou e me deu.

7/11/2011

Que dó, que dor.

Que menina mais sofrida, gente. Logo ela que vivia sorrindo pelos quatro cantos do mundo. O que o mundo fez pra ela ser assim hoje em dia? Aliás, que sofrimento é esse que faz ela implorar todo santo dia pra algo novo aparecer na sua vida e a distrair do mundo real que te assusta? Sei não, viu. Acho que ela tem usado muitas coisas psicodelicas pra viver assim. Como pode, alguém em perfeita consciência se tornar alguém tão sombrio em apenas algumas semanas?
A gente nunca sabe o que se passa com ela. Tão calada. Tão vazia. Solidão lhe acompanha aonde for. Que dó. Que dor. Sinto muito mas não posso fazer nada a respeito. Estou aqui se quiser conversar mas conversar nem sempre ajuda. Chorar ajuda. Nem sempre, também. Mas existe alguma coisa que ajuda, sei disso. Remédio, chá, psicólogo? Colo de mãe também ajuda mas acho que ela perdeu a confiança em todo mundo pra deitar no colo de qualquer ser humano e falar sobre a dor ou ficar só ali, sem falar nada.
Deve doer pra burro viver assim sem paz, sem vida, sem aliança com o amor, né? Sei não, só acho. Na verdade, acho nada. Acho que ela tem que pegar essa coisa toda e dar uma volta pra espairecer ou dar uma sacudida no seu próprio mundo pra que as poeiras que ficaram posso ir embora com o vento.
Fácil falar da dor de um outro alguém que não se pode sentir, né? A gente até tenta se colocar na pele, na alma, no osso mas nunca é a mesma coisa. Compaixão nem sempre é algo bom. Geralmente as pessoas acham que compaixão tem a ver com pena. Sei disso não, moço. Tenho compaixão por qualquer ser que respire e precise ou queira minha ajuda.
Dizem que o tempo ajuda, né? Vai saber. Quem sabe num tempo próximo ou distante ela saia dessa amargura e se ponha de pé outra vez pra querer bater de frente com a vida. Quem sabe. E se ela não quiser mais viver? Tadinha. Que pena. Pena ou compaixão? Sei não. Viu o que eu falei? Todo mundo sente pena no final. Que dó. Que dor.
Falando nisso, senti medo. E se eu não consegui ver mais o brilho nos olhos dela? Ou quem sabe, ela não queira mais sair do seu mundinho obscuro? Ou quem sabe... ela queira viver melhor em uma outra vida.
Existe outra vida após essa? Sempre quis acreditar que sim mas como reza todo filho de Deus: suicídio te leva pro inferno. Se não levasse, muita gente já teria se matado, né? Sei não, nem quero saber. Inferno deve ser ruim pra caramba. Paraíso deve ter seu lado bom apesar de você não ser mais humano. Sei lá. Será que você, depois da morte e quando estiver tanto no céu quanto no inferno, sente? E se sente, o que sente? Cada lugar tem um determinado sentimento ou tu é livre pra sentir o que quiser? E se não quiser sentir, será que dá? Sei lá.
Dói em mim o quanto dói nela mas não necessariamente, sabe? Só dói ver alguém doer. Não me sangra ver alguém sangrar. A gente nunca sabe o que tem por trás de um "estou bem" ou "estou feliz" ou por trás de um sorriso. Queria saber. Poderia tentar ajudar. E acho que conseguiria ajuda-la se ela não fosse tão complexa.
Que menina estranha, gente. Chorando sem motivo aparente. Sofrendo só por sofrer. Será? Deve ser estranho ser estranha pra toda essa gente estranha que nos rodeia. Que estranho.
Ela vai se reergui algum dia, tô sabendo. A gente sempre continua quando não da um ponto final na vida. A gente sempre segue. Mesmo que doa, que sangre, que rasga a alma e carne, mesmo que a gente morra um pouco nesse continuar.
Deus, como eu não queria ser essa menina.

Pessimismo.

Tenho um péssimo modo de viver. Vivo sofrendo antecipadamente por tudo. Quando vejo que algo bom está acontecendo em minha vida tendo a ficar neurótica e insegura apenas pelo bel prazer de me ver ficar em carne viva sem motivo algum e assim, de fato, acabo mesmo estragando tudo e sempre acabo culpado o destino, a trilha sonora, o dia começado pelo pé esquerdo e sempre me esqueço que isso não terá fim enquanto eu não conseguir me libertar de tanto pessimismo. Olha, eu não era assim. Eu era alguém legal que não bebia, não fumava e conversava bastante com muitas pessoas. Eu tinha amigos e era bastante feliz. Acho que quando a gente sai do nosso mundo de fantasias que chamamos de infância - ou inocência - o mundo explode. Tudo tende a ser errado agora. E por ser errado é que nós queremos ir lá e mostrar o quanto somos "cool" e fazer.
Depois que se dá o primeiro passo para o amor, a gente nunca volta a ser como antes. Sei lá, sempre achei que amadureci muito depois dos doze anos mas hoje vejo o quanto sou imatura pra tantas coisas. Um bom exemplo de imaturidade minha é o convívio com ele. Sou fria, sou quieta, caladíssima, um poço de fineza e educação, a garota perfeita. Enquanto para o resto do mundo sou a que não para de falar, a que é a "mãe" de todos com aqueles conselhos que todo mundo já cansou de ouvir. Acho isso meio imaturidade, sabe? Você não se mostrar, de fato, como é com o resto do mundo.
Acho sempre que algo bom vai acontecer quando algo ruim passar. E é claro que isso já aconteceu centenas de vezes só que eu, tola, caio de joelhos em cima de qualquer coisa boa que possa me acontecer e esmago sem dó. Queria eu ser feita de pensamentos positivos todo o tempo, assim eu nunca teria que esconder quem eu realmente sou pra você com medo de que uma palavra dita seja a sua deixa para ir embora de vez da minha vida.

O eterno clichê.

- O amor é clichê. - Pensou Thomas enquanto tomava café ao embalo de uma discussão com sua amada Victória. - O amor é uma porra de clichê sem fim. A gente dá tudo. Tudo o que pode e sempre tenta dar mais do que não e acaba com a cara na privada vomitando tudo que bebeu e comeu na noite anterior. Amar é pecado. É uma droga. - Disse ele enquanto Victória recolhia os pratos da mesa de mármore que ela fez questão de gastar um salário inteiro para compra-lá por puro prazer. Ou luxo. Ou os dois. Vai saber. Mulher tem cada uma.
- Então quer dizer que você está cansado de me amar. De amar o relacionamento e ser disposto a mim enquanto posso estar disposta a você? - Perguntou ela com tom de acusação enquanto colocava os pratos na pia e secava as mãos molhadas por conta do suco de laranja derramado na mesa. E o motivo do começo de mais uma briga na semana. - Então é só em você que você pensa? Dou um duro danado pra ser feliz e te fazer feliz e quase sempre não é o bastante pra você.
- Me fazer feliz? Em primeiro lugar você nunca soube o que era ser feliz. Te encontrei pela primeira vez no banheiro de um bar vomitando tudo e cheirando até as paredes. Isso é felicidade? - Perguntou Thomas com um tom rouco.
- Depois disso, me diz, quantas vezes tu me viu fazendo merda? Nenhuma. Olha, eu virei dona de casa, eu arranjei um emprego e voltei pra faculdade. Estou tentando ser boa pra você e pra nós mas isso nunca é o suficiente. - Victória agora se apoiava na quina do balcão também composto por mármore e também comprado com um salário inteiro, mas do mês anterior.
- Não sei nem ao certo porque estamos brigando. - Thomas enfim suspirou.
- Por que a gente se ama. Quem ama muito tende a brigar mais. E é isso. A gente ainda tem uma porção de brigas pra serem debatidas e nós nem sabemos. - Victória também suspirou.
- Isso tudo foi porque eu deixei cair suco de laranja na mesa nova. - Ele riu.
- É, tudo isso por isso. Mas isso me irrita, tu sabe. - Ela sorriu.
- É, sei sim.
- Quer outro copo de suco de laranja? - Victória encolheu os ombros.
- Só se você me acompanhar. - Ele levantou uma sobrancelha e sorriu.
- Acompanho!
- ... Lá no quarto. Na cama! - Ele mordeu o lábio.
- É só em sexo que você pensa?
- Na maior parte do tempo, sim. - Thomas riu.
- Eu não quero fazer sexo agora. Eu acabei de tomar café da manhã.
- Bom horário pra se começar a fazer.
- Você é tão abusado.
- O amor, às vezes, tende a nos deixar mais abusados. - Disse Thomas levantando da mesa e entrelaçando os braços em volta da cintura de Victória enquanto beijava seu pescoço e apertava o corpo dela contra o seu.

7/10/2011

Uma prisão.

Estou presa a uma casa sem vida onde verdades não são bem vindas e omissões são sempre o prato do dia, onde eu não consigo contar estrelas e nem ser seguida pela lua. Estou presa a coisas antigas, a maços de cigarros já acabados, a cheiro de incenso de alecrim. Estou aprisionada aos meus próprios pensamentos vazios, aprisionada ao meu coração que nunca sabe ao certo por quem pulsar. Estou presa a centenas de coisas que destroem a cada dia um pouco mais a mim mesma, mas enquanto você vier me ver, tanto nos dias ensolarados como nos dias acinzentados, eu vou superando esse tormento que é ser livre e não conseguir levantar pouso, ser livre e ter tuas asas cortadas pelas decepções da vida das quais não te deixam esquecer das tuas dores.
Desde que você entrou - ou reentrou - na minha vida tens mexido dentro-dentro de mim, se é que isso é possível. E sabe o que é impressionante em tudo isso? Tu não escuta meu silêncio. Logo esse meu silêncio que todo mundo diz que é mais alto que um tiro. E tu não ler o meu olhar. Tu não entende o momento. Tu não pega na minha face febril e tenta ler meus olhos. Tu não marca. Não me marca. Tu não permanece, tu some. É por isso mesmo que eu nunca sei se estou presa ou livre, se posso ou não saltar do alto da montanha sem me preocupar, se estou ou não com teu olhar sobre as minhas costas.
Eu era bastante acostumada a esses amores incertos, a amores que nada são, que não marcam, que fazem nós que são facies de desatarem, mas desde que tu (re)entrou na minha vida, tenho um medo absurdo dessa coisa de amar sem saber o que tem na outra ponta. Sempre me disseram que pra a gente seguir em frente não precisamos ver todo o caminho, basta apenas ver o próximo lugar onde você vai pisar e daí, com isso, tu pode seguir muito bem por muito tempo dessa forma. Sempre achei uma mentira que inventaram pra não fazer as pessoas desistirem rápido demais dos seus objetivos. Desde que eu passei a amar - com o coração e com o cérebro - eu preciso ver muito mais do que o próximo passo. Eu preciso ver toda a estrada ou pelo menos a metade dela. Não quero ir andando no escuro e cair sem graça em um abismo.
Não queria te dizer abertamente com essas palavras tolas que todo ser humano já pensou em dizer mas estou presa a tudo que tem você. Estou permanentemente presa aos teus olhos, aos teus lábios, ao teu sorriso, ao teu linguajar, a tua voz. Acho que estou em uma findável prisão perpétua de você, onde fugir não é uma boa saída. Mas não se sinta macho demais. Sou fêmea mas sou de fibra. No dia que eu pôr minhas asas, voarei. E então, adeus prisão perpétua. Adeus você.

Gira-mundo. Gira-em-torno-de-você.

Mais um domingo frio. Mais um dia sem você ao meu lado.
Gostava mais de mim quando não gostava de ninguém. Ai tu me (re)aparece e me faz ficar perdida nas tuas curvas, nos teus lábios, no teu sorriso, nos teus sinais, na tua tatuagem que lhe cobre as costas. E eu já estava perdida antes de você (re)aparecer. Tua chegada só fez eu me perder um pouco mais. E olha, te juro: se eu sofrer mais uma desilusão viro freira, puta ou lésbica. Não aguento mais essas dores no coração, na cabeça e no estômago por conta de um babaca que nunca sabe pegar a porra do sentimento, bater no liquidificador e me serve uma porção numa xícara italiana.
Geralmente eu confundo amor com café. Ou com cigarros. Sempre acho que estão interligados. Textos também. É isso mesmo. Escrever, tomar um café, fumar um cigarro e amar são coisas velhas. Eu adoro coisas velhas. Me sinto cult pondo isso em prática. Mas eu gosto, de verdade. Não porque é moda ou porque tu gosta, também. Eu sempre gostei antes mesmo de tu entrar na minha vida e isso faz um tempão, moço.
Então era isso aí: eu era legal, eu era cult, eu era até bonitinha e inteligente comparada as moças da minha idade mas isso não te importava. Não estavas nem aí.
Não ligava depois que chegava em casa após ter me deixado na minha. Não ligava pra fingir saudade. Não fingia ciumes. Era carinhoso e romântico quando ninguém estava por perto mas não era do tipo que se declarava. Nunca falamos sobre amor. Eu não dou o braço a torcer e ele não sente nada além de prazer comigo.
Me pergunto que diabos eu tenho na cabeça pra continuar com essa coisa sem nome que eu me pus a viver ao teu lado. Não sei, nem sei se tu também sabe. Só sei que no momento é bom. Bom mesmo,sabe? Bom pra caralho. Mas é só tu dobrar a esquina levando teu cheiro e tuas digitais pra longe de mim que eu começo a pensar no quanto eu sou tola, estúpida e como é que eu me apaixonei por alguém sem tão coração como você.
Sei não, acho que nós, mulheres, temos esse eterno defeito de se deixar levar pelo momento e morrer de culpa a noite quando põe o pijama e se põe a dormir. É tão clichê que é da mesma forma sempre e ninguém percebe. Só não é a mesma dor. Nunca é. A dor de cada um é a dor de cada um. Não tem isso de que eu sofri mais que você. Tem não, meu caro. Dor é dor, não importa.
Me fale sobre a sua dor quando você começar a sangrar, enquanto isso continue vivendo como eu estou fazendo. Se não houver sangue derramado na sua alma, você ainda nem começou a sofrer.

7/06/2011

Evento Cósmico.

Existem vários tipos de acidentes. Inclusive os acidentes que nunca aconteceram e não passam de ficção. Esses tipos, os que não acontecem, somos nós. Eramos pra ter explodido e iniciado um acidente cósmico do qual prejudicaria uma nação e, quem sabe, toda humanidade. Eramos pra despertar dos outros aquela dor no peito por nunca sentir algo tão forte como o que estávamos sentindo naquele momento. Eramos, de fato, um evento muito bonito de longe mas de perto muito tumultuado.
Nós somos feitos das sobras que o amor nos deu. Bom, eu ao menos continuo alimentando a alma dos restos que você tem me dado durante esse tempo e não reclamo jamais pois tudo se isso é tudo o que podes me dar, aceito sem pestanejar ou fazer cara feia. Aceito de braços abertos e com um sorriso nos lábios quando me dar os restos do teu carinho.
Por muito tempo eu achava que poderia sobreviver de restos de sentimentos, desses sentimentos que um dia tivera por mim mas se esgotou com tanta falta de graça e amor em excesso, sem descanso, e eu continuava achando sempre que esse amor-reciclado que me dava era o começo de um amor-novinho-em-folha e, por isso, sempre estava disposta a continuar ao teu lado nos momentos críticos da vida.
A gente, aos poucos, vai se dando conta que precisa mais do que sobras para sobreviver. A gente precisa, de fato, de um coração novo e de um novo amor. De pessoas novas, abraços sinceros e sorrisos verdadeiros. A gente precisa de paz interior e de uma pitada de calor humano para nos conduzir a emplacar o nosso tal evento cósmico.
Quando tudo é novo, e tudo pra mim tem sido novo agora, tudo fica meio perdido e os olhos não cansam de procurar alguma coisa antiga para confortar o próprio ser e dizer que tudo estar ou há de ficar bem, nem sempre a gente encontra e quando isso não acontece a gente segue, a gente acha as coisas novas mais interessantes do que as antigas, a gente cansa de migalhas, a gente cansa de cara virada por um mero nada, a gente casa de sobreviver do amor-reciclado e parte para o amor-novinho-em-folha.
O evento cósmico acontece poucas vezes na vida de alguém, ou talvez até nenhuma, mas quando acontece é o evento mais esperado da temporada. Muitos vão admirar e dizer o quanto é glorioso para eles ver algo tão singelo, outros vão criticar e tentar arrebatar tal acidente mas apenas uma pessoa pode deixar que melhorem ou estraguem de vez o seu evento e essa pessoa é única. É apenas e somente: você mesmo