10/17/2011

Uma nova Clarisse.

Ninguém ouviu o meu silêncio, ninguém se importou em ouvir as minhas palavras não-ditas, ninguém se importou em me dar a mão enquanto eu caia. E eu caí. Não ralei os joelhos ou as mãos, eu me fodi inteira nessa queda. Ninguém ouviu os gritos de dor nas noites em claro? Ninguém percebeu os pulsos cobertos? Ninguém viu as auto-mutilações que eu me fiz? Ninguém leu as cartas suicidas que eu escrevia todas as noites? Ninguém parou pra perguntar como eu estava, se eu precisava de ar pra respirar ou um abraço pra confortar. Eu odeio os seres humanos, inclusive aqueles que estão próximos a mim. Eles não deveriam ligar de vez em quando pra perguntar das minhas novidades? Porque ninguém resolveu não se importar? Ninguém entende que palavras machucam e mesmo assim as atiram como se fossem rajadas de canhão? Os pulsos sangram, a dor parece muito maior pra quem vê de longe, mas pra mim é estesiante, quando eu me corto eu esqueço. E eu sei, não resolve, não passa, essa auto-mutilação só me faz acordar todos os dias e ver o erro que cometi ao me cortar, mas isso machuca. As pessoas machucam. Eu vejo gente errado e isso não é pecado, exceto quando faz outra pessoa sangrar. Eu sangro! Estou sangrando! Obrigada, raça humana, por serem tão cruéis e impiedosos. Obrigada por me mostrar a face de vocês. Essa noite eu não vou dormir.

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