5/30/2011

Então a gente se cuida.

Tu mudou minha vida (de novo). Em uma cidade com mais de dois milhões de habitantes, tu me invade todas as noites. E, olha, é surpreendente te ver chegar. És tão lindo. De acordo com o sol. O céu até fica limpo quando tu passa sem camisa em meio as ruas agitadas, fumando seu cigarro, procurando os meus abraços. E o que te dizer? Que eu te amava no auge da minha pré-adolescência? Que tu foi o cara mais lindo que eu já beijei? Que tu... era o amor da minha vida secreto? De fato, foi sim. Foi ou é? E o que importa, agora? Nada. Você chegou (de novo) e mudou tudo. Colocou tudo no lugar de volta. A terra parece entrar em eixo quando te tenho por perto. E o calor do teu corpo, me aquece. E me entristece saber que tu não mora na minha casa embora more no meu peito. É difícil largar tuas mãos quando chega a hora da partida. E, Deus, que hora difícil é essa? Meus olhos quase deixam as lágrimas rolarem mas eu me prendo, me deixo ser fria por um instante e vejo você ir com aquela cara de cachorro sem dono pedindo pra ficar. Mas chegou a hora, logo mais chegam as pessoas. Ninguém parece gostar que nós nos vemos. Desajustado. Tá tudo tão errado. E tu não volta, tu não liga, mas tu fica doente e corre pro meu colo querendo meus cuidados. E eu te dou. Cuidados, carinho, beijinho. Me sinto mãe e me sinto mulher. Me sinto sua. E meus dedos percorrem sua tatuagem fechando as costas e eu te faço extremecer. Eu só sorrio. Eu só sei rir quando te tenho aqui. Deus, como é bom te ter aqui nos meus braços. E sentir teu cheiro. E contar as pintas espalhadas pelo seu pescoço e rosto. E teus cabelos negros são laços que se desfazem quando eu os toco. Te despenteio. Me despeiteia, também. Corpo a corpo mas nenhum sexo. Também não é amor. Não dele pra mim. Mas de mim para ele, o que será? A gente morre por amor. Eu ainda não morreria por você. Mas te quero, quero te ter (de novo) e te desejo todos os segundos dessas horas que se arrastam no dia. E eu sinto falta da tua risada na minha sala. E do teu afagar no meu cabelo. E do teu beijo que me deixa sem ar. E mais uma vez você se vai. Da minha casa, do meu corpo, da minha pele, dos meus pensamentos, dos sonhos, da minha vida. Mas semana que vem você volta. Então a gente se cuida (de novo).

5/25/2011

O pulso ainda pulsa.

Ela achava que não existia para o mundo, assim como o resto do mundo para ela não importava. Ela se cortava. Seus cortes eram tão profundos que ela precisava amarrar um pano umidecido para estancar o sangue. Ela sentia muita dor mas quase nunca contava sobre eles para alguém. Não era uma dor física, era totalmente emocional. Ela precisava conversar mas ninguém dava tempo para que ela pudesse se expressar. Ela já não falava com ninguém há um bom tempo e também não tinha mais vontade de existir. Muitas vezes tentou tirar sua própria vida. Ela fuma um cigarro atrás do outro com a intenção de que seus pulmões encham-se de fumaça e exploda no ar, mal sabe ela que o cigarro é o método mais longo e sofrido de se matar. Ela bebe,também. Com a intenção águda de que vai tirar de dentro do estômago aquilo habita seu coração. Mais um engano. Ela se rasga, ela sofre, ela sente. E ninguém vê. Ninguém quer saber. Ela tem morrido um pouco mais todos os dias e as pessoas apenas viram as costas e ela acha que isso é um sinal de "foda-se,morra,eu não me importo". Ela tentou se suicidar ontem. Hoje ela está escrevendo esse texto.