1/22/2011

Tempo,mano velho.

É uma droga. E eu que rezei tanto,eu que pedi tanto,eu que até implorei pra não voltar ao meu ponto de partida,voltei. E é uma droga. Vai continuar assim até o dia em que eu possa encontrar uma razão lógica pra estar vivendo e enquanto isso,deixe-me morrer aos poucos porque apesar de doloroso,ardido,agitado e confuso é o único modo em que eu posso chegar ao fundo do posso sem morrer.
Estaca zero,eu voltei. Continuar pra que? Estudar,estudar,ter um bom emprego,se tiver sorte você terá uma família mas pessoas como eu,ambiciosas,terminam em casa na frente do computador escrevendo sobre os dramas da sua vida bebendo um café quente e fumando um cigarro,ligará a tv depois e terá uma tediosa sexta-feira,no sábado vão te ligar pra sair e você se empolgará mas a felicidade tem hora certa pra acabar e,de manhã,quando você se pegar tomando um café pra curar a ressaca e depois de ter vomitado todo o banheiro vai perceber o que fez com sua vida,o quanto foi duro e infortúnio ser uma pessoa tão ambiciosa assim. Se culpará,se odiará,mas vai adiantar? Vai não,meu bem! Tempo perdido é tempo cortado com uma faca de cozinha. Tempo perdido é parar de boneca e começar a usar maquiagem porque a moça da tv disse que você será mais bonita assim. Tempo perdido é parar de jogar video-game pra se interessar por masturbação porque aquele seu amigo do ultimo ano disse que se você não fizer isso,tu vai ser tachado de gay. Tudo a seu tempo,mas tempo perdido? Volta não! Cuide do seu tempo,não seja tão ambicioso assim mas corra atrás dos seus sonhos mesmo que esse sonho seja uma borboleta em um jardim.

1/17/2011

Dois capítulos e um mesmo verso.

Primeiro ato: O menino.
Depois de umas três xícaras de café eu tive a certeza que a moça sentanda em um banco próximo a porta de entrada me olhava enquanto tomava seu café,e me olhava tomar o meu,ela sorria. Pensei que fosse engano,pensei até que eu deveria parecer com um cara que ela saiu uma vez,com o primo dela que nem mora na cidade ou com um ex namorado de uma velha amiga,mas quem derá meu Deus se fosse um engano bobo,a toa,mas não era. Nunca é.
A moça dos olhos azuis hipnotizantes me olhava por cima do ombro depois que eu a olhei algumas vezes na minha pausa do café para abocanhar uns pãezinhos que estavam sob a mesa,e mesmo com a boca cheia de queijo ralado ela continuava a me filmar por cima do ombro. Ela não vira eu olha-la se quer uma vez.
Que diabos! Mulheres não sabem desfarçar as coisas? Pensei uma porção de vezes em ir até lá e perguntar o que ela queria,sendo o mais rude possível era capaz dela não olhar mais e era tudo que eu precisava naquele momento: Que ninguém olhasse pra mim. Por que dói,sabe? Dói muito quando alguém te olha com uns olhos cerrados sob os ombros com aquele ar de que você deve muito mais que sua alma a ela,mas dói muito mais quando a pessoa que você gostava que te olhasse estivera partido. E se foi,viu? Se foi há muito tempo e eu senti uma falta danada daquela safada que me esquecia todo dia no sofá da sala e acordava as três da manhã depois de uma rapidinha na qual eu dormia cheio de prazer e ela não sentia nada e ia pro meu quarto deixar seu cheiro empregnado no meus lençóis.
Não era por nada,qualquer outra mulher podia ter deitado na minha cama e poderia até ter jogado seu frasco de perfume inteiro na minha cama que eu ia dormir como sempre,sem lembrar de porra nenhuma do que ela foi pra mim,mas aquela mulher que não tinha a intenção nenhuma de deixar seu cheiro era a que sempre deixava e com ele ficavam suas digitais pelo quarto e a bagunça matinal e toda confusão que mulher antiga arranja quando dorme com um cara no primeiro encontro.
Mas ela se foi,e eu senti uma falta grande no começo mas estive melhor do que esperava,já consigo ir dormir sem lembrar dela e acordo sem chamar seu nome,o amor ainda não acabou. Acho que estou destinado a ama-lá para sempre,só sei que as boas lembranças se foram e tudo que restou dela eu guardei numa caixa vazia que eu mandei um amigo esconder para toda a eternidade para que eu não pudesse jamais achar. Durou uma unica estação mas é como se fosse toda uma vida.
E tinha a moça sentada próxima a porta de entrada,de tanto lembrar o antigo olhar que me constragia mas me deixava feliz eu tinha esquecido da moça sem escrúpulos que me olhava. Pensei se era uma garota de programa querendo fazer um serviço pra pagar o café,pensei se fosse alguém que eu conhecesse,pensei até que fosse ela mas se fosse,voltaria pra mim não é? Se fosse,chamaria meu nome e sorriria. O cabelo dela nem se quer é castanho,era loiro,eu ainda lembro. Pensei em tanta coisa mas fiquei vazio,não dei espaço pra que se aproximasse também.
Continue no meu terceiro cafézinho e comendo os meus pãezinhos e tentando bolar alguma coisa pra se fazer em um fim de semana numa cidade grande onde a unica pessoa que você conhece é seu colega de quarto,mas não tinha nada a se fazer a não ser ficar naquele Café junto a tantas outras pessoas sem planos pro final de semana.
- Com licença? - A garçonete me incomodou e eu olhei para cima para fita-la - Aquela moça no balcão pediu pra te entregar isso.
A garçonete me extendeu um pedaço de guardanapo no qual havia escrito: Posso me sentar?
- Desculpe incomodar,senhor,mas ela pediu pra que o senhor desse uma resposta atrás. - A garçonete sorria com os olhos brilhando como se tivesse acabado de sair de um cinema cujo filme era aqueles romancezinhos clichês.
Peguei uma caneta do bolso e rabisquei atrá: Acho melhor não!
Curto e grosso,me ensinaram que quando você está mal e não quer contaminar ninguém você precisa,às vezes,de uma grosseria para que elas possam entender isso.
A garçonete pegou o papel ainda com aquele olhar e aquele sorriso sem saber o que eu havia escrito e entregou pra moça. Eu a observei pra ver se ela ia me dar um dedo,mandar eu chupar limão ou qualquer coisa,mas não teve nada. Ela só levantou,sorriu e foi embora. Engraçado,mas eu senti o cheiro dela e me lembrou a minha paixão.
- Outro café,por favor!
Adeus,moça do balcão.

Segundo ato: A moça do balcão.
Eu já tinha observado chegar mas não fui direto ao ponto,só precisava de certeza para saber se era ele,e era,viu? Eu olhei demais,eu observei demais mas talvez ele nem deva estar se incomodando,nem deva estar se quer sabendo que estou olhando. Meu cabelo tá bom? De costas eu pareço uma mistura de girafa com orangotango,mas se eu manter a pose talvez ele olhe. Eu poderia dar uma risada um pouco mais alta e com certeza ele olharia,eu jogaria o cabelo e um sorriso,deu certo tantas vezes e acho que com ele não vai ser diferente,não é? Mas e se ele não olhar? Porque mesmo eu estou fazendo isso? Eu não tenho nem mais certeza se é ele.
O cara que eu conheci há tanto tempo nesse mesmo Café não era assim,talvez seja alguém muito parecido com ele a ponto de me enganar completamente e me fazer ficar girando o pescoço de meio em meio minuto pra ver se ele se tocava e olhava. Só preciso que ele olhe uma unica vez. Mas ele não olhou nenhuma vez que eu olhei. Vazio,solidão,voltei aos meus quinze anos quando eu contei para um garoto que eu estava gostando dele e ele falou que eu era uma pirralha e que jamais sairia comigo. Voltei a exatamente o ponto onde eu passei três dias tracafiada no quarto escrevendo no meu diário o quanto ele era estúpido e quanto eu gostava dele mesmo assim. Eu estava assim,realmente,eu não sabia porque mas aquele cara me deixava em tranze. Bom,se é que é ele mesmo né? Porque ficar em traze por alguém que não é quem você pensa que é não é nada legal.
Voltei a noite em que abandonei a minha louca paixão. Era final de inverno e minhas lágrimas quase empedravam em meu rosto enquanto eu virava as costas batendo a porta do apartamento dele e gritando escada abaixo dizendo que eu não queria mais ele. A verdade é que eu fui embora porque sou covarde demais pra me deixar magoar de novo,sofri muitas vezes para os meus vinte e tantos anos e não queria isso de novo,até porque ele era um caso novo e eu poderia esquecer fácil. Erro meu,só o amei mais a cada dia depois que fui embora. E olha,o cheiro dele ficou em mim por semanas,o cheiro que exalava o quarto dele se empregnou na minha pele uma porção de vezes e em qualquer lugar que eu ia eu tentava sentir um aroma parecido com aquele pra ver se eu tomava coragem pra voltar e contar toda a verdade e dizer coisas bonitas e pedir perdão e suplicar o amor dele de volta,mas nunca tive coragem,nunca voltei.
Continue olhando mas o cabelo cobria boa parte do meu rosto então eu ficava em vantagem. Talvez fosse ele e,talvez,ele não tivesse reconhecido,aos vinte e tantos anos já se existem cabelos brancos,sabia? Pintei de castanho e tirei aquele loiro-cor-de-sol porque eu sempre me achava meio burrinha com aquela cor de cabelo.
Tive a idéia de chamar a garçonete e pedir um favor.
- Você poderia fazer um grande favor pra mim? - Perguntei enquanto afagava as suas duas mãos.
- Sim,senhora,pode sim! - Ela sorriu. Sorriso de gente honesta,de gente boa,me ganhou ali.
Peguei um guardanapo e rasguei só um pedaço e escrevi nele,passei o bilhete para as mãos dela sem que ninguém visse e sorri com os olhos.
- Pode,por favor,entregar esse bilhete ao cara sentado na mesa junto a janela? Acho que ele é o amor da minha vida que eu perdi uma vez e se for ele de verdade,eu quero minha segunda chance. - Eu sorri e soltei suas mãos.
Ela sorriu e abriu os olhos como quem estivesse esperando por isso a vida inteira,o brilho agradável,uma química perfeita naqueles olhos. E o estômago quase embrulhando,as mãos suando,as pernas balançando,a bolsa que eu insistia em trocar de lado enquanto ela não voltava com uma resposta ou com ele me dizendo que se lembrava de mim.
Então ela voltou,com o mesmo brilho nos olhos e o mesmo sorriso e me entregou o bilhete de volta.
Eu sorria enquanto desembrulhava o bilhete e ela segurava as mãos em força de alguém que fosse orar,estava mais anciosa que eu. E abri,e respirei fundo,e sorri ao abrir os olhos mas meu sorriso se desfez. Olhei pelos ombros pra ele e ainda continuava a comer os pãezinhos e tomar o café,nada mudou.
- E então,senhora? - A garçonete perguntou sorrindo.
- Não era ele. - Eu dei um sorriso de quem precisava sair correndo e chorar a noite toda.
Joguei o papel na lata do lixo que ficava ao lado onde eu me sentara,entreguei o dinheiro do meu capuccino e agradeci por tudo. Embora o sorriso dela ainda estivesse lá,o brilho dos olhos havia ido embora. O meu brilho havia ido também mas eu não tinha mais o sorriso após sair pela porta.
Era ele. Era eu. Mas não fomos feito pra dar certo.
Adeus,meu menino.

1/14/2011

A garota de salto alto.

Me perdi em uma dessas ruas grandes e movimentadas não porque eu quis mas porque me perder era o que eu fazia de melhor,eu encontrava na minha perdição um modo de fuga pra pensar enquanto alguém (ou ninguém) me procurava,e eu estava ali,entrando em mais um beco sinistro onde a única luz que se pode ver é o clarão do poste da outra rua iluminando um devido ponto mas reiluminando o resto próximo e eu estava próximo mas não me sentia iluminado. Atravessando aquele beco quase-escuro e observando nele garrafas de natasha jogadas próximas ao lixo,encontrei uma moça. Talvez fosse um rapaz,mas eu gostaria que fosse uma moça. De costas,seus cabelos negros até a cintura e o vento batendo contra o seu corpo me fez sentir o cheiro do seu perfume,um daqueles que você pode encontrar em revistas e a longo prazo ele talvez chegue,sua roupa vulgar me fez acreditar que estivesse trabalhando,seu salto alto a deixava uns quinze centímetros maior do seu tamanho normal mas como iria saber?Jamais tivera visto algo tão deslumbrante como o seu formato apenas de costas e me aproximei,desviei o olhar e parei na calçada oposta da qual ela estava. Ela segurava junto a si sua bolsa e um cigarro entre os dedos esvaindo fumaça sem parar era o que fazia todos olharem pra ela com aquele olhar de recriminação.
A moça deve ter entendido o olhar dos demais ou só observou alguém tampando o nariz quando passava por ela e então apagou seu cigarro para a boa ética da sociedade mas logo depois reiniciou seu costume e puxo outro cigarro do bolso de trás da calça. Seus olhares incertos e inconstantes pareciam procurar por alguma coisa perdida,assim como os meus também.
Foi então que ela girou seu corpo em minha direção,mesmo do lado oposto da calçada,e olhou pra mim. Talvez não tenha olhado diretamente pra mim,vai saber,nunca saberei,minha miopia têm aumentado aos poucos e naquele momento eu não tinha os meus óculos em mãos,mas se fosse pra escolher,gostaria que estivesse olhando pra mim.
Puxou o último trago do cigarro e esperou o semáforo ficar no vermelho e atravessou junto com um monte de pessoas sem graças e apressadas pela faixa branca da rua. Eu exitei e virei o olhar,virei meu corpo para qualquer outro lugar mas algo prendia minha atenção naquela moça,foi então que ela tocou meu ombro:
- Você está perdido? - Não consegui achar seus olhos por debaixo daquela franja caida por eles.
- Talvez,mas não quero ser encontrado. - Procurei novamente seus olhos e nada.
Ela tirou a franja dos olhos,me olhou como quem tivesse achado o que estava perdido e sorriu. - Talvez estejamos na mesma situação.
- Achei que você estivesse trabalhando. - Abaixei a cabeça antes que ela pudesse dizer algo.
- Talvez,mas não quero trabalhar hoje. - Ela sorriu novamente e eu levantei meus olhos para fitar os dela.
- Você é uma garota de programa? - Eu estremeci embora soubesse a reposta.
- Sim,não,talvez. Você quer que eu seja uma?
- Não,não... Bem,você é muito bonita pra vender seu corpo. - Eu sorri de lado.
Ela riu e eu consegui ouvir o som da sua risada,embora baixinha fez eu me sentir um objeto pequeno sem utilidade alguma.
- Eu não sou,se é isso que pensa. Na verdade eu nem tenho um trabalho e sai da casa dos meus pais há poucos meses,então,tenho me virado com alguns bicos como modelo. - Ela passou o cabelo pra trás da orelha e eu pude ver o começo da sua tatuagem no pescoço.
- Desculpe,eu não me apresentei. Sou Igor. - Extendi a mão.
- Moara. - Ela extendeu também.
Não acredito em destino,em sorte,em exum,em correntes,em forças de outro mundo,em Deus ou em qualquer outro tipo de gigante que me faça ter uma segunda chance,quando acontecem coisas boas comigo eu apenas acho que erraram de endereço,por isso eu sempre me mantenho afastado de tudo que é bom e espero sempre o pior porque eu sei que um dia tudo que é belo em minha vida há de deixar cicatrizes e ir embora pela primeira porta ou janela que achar,mas com a moça,a Moara,eu não estava certo disso,talvez eu estivesse começando a acreditar em sorte,em destino,em Deus.
Ficamos conversando um bom tempo perto de um poste que iluminava a mim e a ela mas não iluminava o resto,eu me senti importante e especial por ter uma luz focando em mim enquanto todo o resto do mundo,naquele momento,não estava focado e eu dividira esse momento com aquela moça,a do salto alto.
Ela me contou seus sonhos,suas trágedias,suas derrotas,suas glória e eu contei pra ela coisas sobre o universo,gastronomia e programas de televisão,embora diferentes um do outro,me senti igual. Me senti estranhamente unico para ela enquanto ela estava sendo a unica pra mim,mas eu sabia que acabaria e não demoraria muito.
Ela me ofereceu um cigarro e eu aceitei,ela puxou outro e iníciou seu ciclo sem fim. Eu mal sabia tragar e depois de uma crise de risada dela e uma crise sem graça por passar um vexame na frente de uma linda mulher,ela me ensinou. Ela me ensinou em poucas horas que beleza não é tudo,que as aparências enganam e que tudo que já te ensinaram na escola pode ser mentira. Ela era linda,eu estava lindo com ela junto a mim.
Deitados no banco da praça onde resolvemos caminhar depois daquela luz focando a mim e a ela,resolvemos criar expectativas e embora eu mal a conhecesse,eu mal sabia quem ela era,eu apostei todas as minhas fichas numa garota de salto alto. Logo eu,que sempre achei garotas de salto alto tão vulgares e tão não confiáveis. E ela apostou suas fichas em mim.
Não nos beijamos naquela noite,na verdade no fim da noite tudo que eu recebi dela foi um beijo na bochecha e atenção.
Outro dia amanheceu e eu resolvi me perder de novo pelos mesmo lugares,mas não a encontrei e a relembrei nos meus pensamentos e dormi noite e dia pensando naqueles cabelos negros,naquela franja que impossibilitava de ver seus olhos. E eu lembrava do seu sorriso,dos seus gostos,das suas história.
A garota de salto alto tivera em minha vida e a deixara no mesmo momento,agora toda mulher de salto alto me lembra a ela e em todas eu busco algo novo pra me fazer esquecer dela mas o barulho do salto dela pelo concreto era unico,não tinha igual.
O barulho do salto dela era a melodia que eu ouvia todas as noites antes de dormi. Isso fazem alguns logos anos,mas eu nunca me esqueci daquela noite com a garota quase-prostituta-com-sorriso-perfeito-de-salto-alto. E eu sorri,todos os dias,depois daquela noite por que eu,agora,sabia que uma mulher de salto alto pode me fazer bem.

1/05/2011

Alguma coisa sobre amor e destino (Parte II)

Me pego parada em frente a um fundo branco onde rabisco letras mas não digo nada,são só palavras soltas pelo caderno que se amontoam e se transformam num mar de palavras sem sentido pra quem lesse aquilo. Tenho analisado que parei de escrever,parei de falar sobre o amor e coisas do destino e passei a escrever algumas coisas forçadamente,o que no entanto ficou parecido com algumas cenas de um filme de terror sem lógica,acho que é assim que posso descrever como me sinto depois que o deixei partir. Fazem quatro ou cinco meses desde que o conheci e o deixei ir embora no mesmo instante. É complicado demais pra explicar todo o enredo,mas eu não sei o nome dele e nem ele o meu,não sei o número do telefone ou localização exata,não sei nem mais se ele ainda está vivo,só sei que me apaixonei por ele desde que o vi pela primeira vez,desde que a minha bolsa esbarrou no seu braço,desde que olhamos um para o outro enquanto um dos dois fingia não olhar e o outro olhava. Era uma quarta-feira e a noite ia chegando,o pôr-do-sol ainda estava em alta mas a friagem do anoitecer já tinha pairado pela cidade e eu ainda lembro de cor a roupa que ele usava naquele dia,e foi mágico,e foi sinistro e foi dor e amor ao mesmo tempo,uma estranha vontade de querer agarrar um desconhecido e dizer no mesmo instante que ele me chamou atenção,mas,sou tão decente na sociedade que não quis ser tão rude a ponto de perguntar seu nome. Ouvi sua voz,ele ouviu a minha mas nunca conversamos. Na verdade,ele me perguntou se eu queria que ele segurasse minha bolsa e eu recusei por pura vergonha,hoje me arrependo porque,quem sabe,se eu tivesse dado a bolsa e um sorriso ele me diria seu nome,telefone e hoje ele estaria deitado na cama do meu quarto junto a mim vendo um filme e não revirando meus pensamentos noite e dia. Eu,por acaso,achei ter encontrado ele pela cidade há algumas semanas e voltei naquele lugar no mesmo horário do dia seguinte pra verificar,não,acalme-se,eu não o encontrei e não me declarei,na verdade eu ainda estou dormindo todos os dias pensando qual a possibilidade de eu encontrar com ele por essa cidade tão grande. Eu volto ao lugar onde ele saltou desde a primeira vez que nos vimos desde então mas nada,nem uma pista,nenhum sinal dele e eu me sinto vaga,como se ele tivesse uma parte minha que eu quero de volta. Eu quero ele de volta sem mesmo saber quem ele é,sem mesmo saber o porque disso tudo,eu só preciso encontra-lo novamente e perguntar o seu nome e dizer que esse é o segundo texto que eu faço pra ele sem saber se um dia ele vai ler coisas que escrevi com tanto amor sem poder dá-lo e vai doer em mim,já tá doendo pra ser sincera,mas ai eu penso se dói nele também,se algum dia depois daquele dia de trocas de olhares e um punhado de silêncio quando queria dizer muito ele deitou em seu travesseiro e penso em mim,se pensou em mim como alguém especial,se lembrou dos meus olhos olhando pra ele pelo reflexo da janela,se ele pensou em me procurar mesmo sem pistas. É o meu maior medo: Procurar por alguém que não quer ser achado. E se ele tiver namorada? E se não se lembrar de mim? E se? E se,nada! Eu não penso mais nessas duas palavras ordinárias quando penso nele,eu só penso "que se": Que se eu encontra-lo eu vou contar pra ele tudo que eu senti durante esses meses,que em nenhum momento eu deixei de pensar nele,que eu imaginei como seria o beijo dele enquanto eu beijava outros garotos,que eu me imaginei com ele e com uma grande dose de amor. Eu só queria encontrar ele outra vez e eu prometo que eu faria tudo acontecer,eu só preciso de mais uma chance,uma unica chance.