10/28/2012

Nossa missão.


vida está sempre nos pregando peças, peças essas que classificam como boas ou ruins, peças essas que eu classifico como surreais, de um modo incrivelmente bom, ou assustadoras. Não adianta tentarmos planejar o futuro porque o segredo do futuro é que quando olhamos para ele, ele muda. Viver é doloroso e desgastante na maior parte do tempo, cumprindo tarefas das quais julgamos ser essenciais para podermos ter uma vida plena, tranqüila e feliz, quando é exatamente aí que estamos errando: nada do que façamos poderá nos dar a certeza de que seremos plenos e feliz porque, na maioria das vezes, estamos preocupados em depositar essa plenitude e felicidade na mão de outra pessoa ou direcioná-la para outras coisas e não há garantia que essa pessoa ou essas coisas possam nos dar aquilo que queremos. Depositamos nossa fé em outro alguém e esperamos que o mesmo faça tudo dar certo, como se nós não pudéssemos interferir, como se a essa fé fosse direcionada exclusivamente a um único alguém e quando esse alguém falha, ou melhor dizendo, quando esse alguém não consegue carregar esse sobrepeso, esse fardo de duas almas, o julgamos e desmerecemos suas tentativas. E tudo, então, tende a ser falho. Enquanto continuarmos depositando nossa fé em outro alguém, além de nós mesmos, a tendência é falhar pois cada alma veio a terra com a intenção de cumprir sua própria missão e não para consertar ou viver a missão do outro.

Desatando nós.


Sei pouquíssimo sobre a vida, muito menos sobre o amor, mas creio que minhas tentativas de entender não tendem a ser todas em vão pois quando menos se espera aparece uma fresta de luz no abismo onde estamos caídos. Amor, além de um dos sentimentos mais bonitos, é o sentimento mais complicado de se tentar entender, tende a ser infinito mas pode acabar semana que vem, pode ser complexo e desigual e durar décadas, quem sabe, vidas. O amor é isso: não espera que fiquemos prontos para a aceitação, não quer saber sobre seu caráter ou seu extrato no banco, tudo que o amor quer é se apoderar de almas perdidas e fazê-las revigorar-se. Ao decorrer do tempo a gente vai entendendo que o amor é a menor das complicações entre dois indivíduos, passamos a ver que a culpa real para que todos os amores não-bem-sucedidos foram aqueles indivíduos com toda sua arrogância, orgulho, ironias e ciúmes. É a falta do diálogo e os desvios de olhares, é aqueles perdão não pedido e aquele afago não feito, é o choro engasgado e as brigas conturbadas. O amor não tem culpa de nada, gosta de igual para igual, não difere ninguém do outro, tudo que o amor faz é juntar duas almas e corpos numa tentativa de que elas unifiquem-se na Terra. O amor não quer muito das pessoas, só que elas sintam, que amem, que aceitem o oposto, as crises, as brigas, o mau humor. O amor só quer que um dos dois sejam capazes de dar o braço a torcer, de pedir perdão, de tolerar as fases ruins, porque o amor sabe quanta tristeza ele carrega junto a si mas também tem a ciência da cura que ele pode dar aos corações piedosos e sinceros.

10/22/2012

De quem é a culpa?


Não quero ser mais uma Madre Tereza de Calcutá, não quero ser Deus e morrer numa cruz para pagar os pecados de toda humanidade, tenho pago pelos meus pecados em vida e isso, acredite se quiser, tem sido muito mais doloroso do que morrer pelos erros dos outros. Dizem que nossos erros nos fazem, que são ele a cura e o veneno de todo bem e mal que aqui reina, que eles são cometidos para que possamos aprender com eles e não repetir mais o erro. A verdade é que não aprendemos isso em escolas, em livros ou em jornais, aprendemos isso no nosso dia-a-dia, aprendemos isso caindo e levantando do chão diversas vezes. A outra verdade é que além de não sermos preparados para errar e pagar a conseqüência dos erros, tendemos a errar cada vez mais, alguns com a desculpa de que com o erro aprendemos lições, outros com a desculpa de que foi a última vez. Nunca saberemos, de fato, quantos erros ainda cometeremos, sabemos que ainda serão muitos mas mentalizamos para que isso não ocorra. Mentalizamos, inclusive, que não podemos errar com quem mais nos ama e com nós mesmos. Às vezes, passamos a nos torturar por um erro que não precisava de tanta atenção, que não precisava de tantas lágrimas e sofrimento e quando a lastima passa a gente percebe que o erro maior foi dar tanta importância a alguém que nunca tentou, ao menos, compreender a situação, por mais difícil que fosse. Sabe aquela história do “juntos até o final”? A história acaba assim que você comete seu primeiro erro. E, apesar de tudo, quero deixar bem claro para o resto: poucas são as vitórias que ficam, o que entra mesmo pra história são os erros e os julgamentos que cada qual apresenta diante daquela situação. E no fim das contas você ainda se pergunta: vale a pena mesmo se martirizar por um erro do qual todos ao seu redor já o cometeram?