7/11/2011

O eterno clichê.

- O amor é clichê. - Pensou Thomas enquanto tomava café ao embalo de uma discussão com sua amada Victória. - O amor é uma porra de clichê sem fim. A gente dá tudo. Tudo o que pode e sempre tenta dar mais do que não e acaba com a cara na privada vomitando tudo que bebeu e comeu na noite anterior. Amar é pecado. É uma droga. - Disse ele enquanto Victória recolhia os pratos da mesa de mármore que ela fez questão de gastar um salário inteiro para compra-lá por puro prazer. Ou luxo. Ou os dois. Vai saber. Mulher tem cada uma.
- Então quer dizer que você está cansado de me amar. De amar o relacionamento e ser disposto a mim enquanto posso estar disposta a você? - Perguntou ela com tom de acusação enquanto colocava os pratos na pia e secava as mãos molhadas por conta do suco de laranja derramado na mesa. E o motivo do começo de mais uma briga na semana. - Então é só em você que você pensa? Dou um duro danado pra ser feliz e te fazer feliz e quase sempre não é o bastante pra você.
- Me fazer feliz? Em primeiro lugar você nunca soube o que era ser feliz. Te encontrei pela primeira vez no banheiro de um bar vomitando tudo e cheirando até as paredes. Isso é felicidade? - Perguntou Thomas com um tom rouco.
- Depois disso, me diz, quantas vezes tu me viu fazendo merda? Nenhuma. Olha, eu virei dona de casa, eu arranjei um emprego e voltei pra faculdade. Estou tentando ser boa pra você e pra nós mas isso nunca é o suficiente. - Victória agora se apoiava na quina do balcão também composto por mármore e também comprado com um salário inteiro, mas do mês anterior.
- Não sei nem ao certo porque estamos brigando. - Thomas enfim suspirou.
- Por que a gente se ama. Quem ama muito tende a brigar mais. E é isso. A gente ainda tem uma porção de brigas pra serem debatidas e nós nem sabemos. - Victória também suspirou.
- Isso tudo foi porque eu deixei cair suco de laranja na mesa nova. - Ele riu.
- É, tudo isso por isso. Mas isso me irrita, tu sabe. - Ela sorriu.
- É, sei sim.
- Quer outro copo de suco de laranja? - Victória encolheu os ombros.
- Só se você me acompanhar. - Ele levantou uma sobrancelha e sorriu.
- Acompanho!
- ... Lá no quarto. Na cama! - Ele mordeu o lábio.
- É só em sexo que você pensa?
- Na maior parte do tempo, sim. - Thomas riu.
- Eu não quero fazer sexo agora. Eu acabei de tomar café da manhã.
- Bom horário pra se começar a fazer.
- Você é tão abusado.
- O amor, às vezes, tende a nos deixar mais abusados. - Disse Thomas levantando da mesa e entrelaçando os braços em volta da cintura de Victória enquanto beijava seu pescoço e apertava o corpo dela contra o seu.

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