1/23/2012
A falta de QI.
Não deveria ser tão doloroso assim amar alguém. Deveria existir alguma regra ou lei que impedisse-nos de nos apaixonar por quem não tem capacidade de retribuir nossos sentimentos. Não sei se dói mais o fato de não ser correspondido ou de ser sempre a segunda opção. O engraçado é que no auge da paixão você não liga se é segunda opção, você apenas fica feliz por ainda ser lembrado de alguma maneira, apenas com o tempo a gente começa a olhar pro lado e vê os casais felizes e se torturar mentalmente, só com o tempo a gente vai percebendo que ser a última escolha de alguém dói muito, é sempre uma tortura gigantesca. Sempre que toco nesse assunto meu coração fica pequeno, como se eu fosse capaz de sentir todas as dores de todos os amantes não correspondidos do planeta e acho que isso dói mais em mim do que em qualquer outra pessoa porque eu sempre sinto demais, sempre me importo demais, sempre me maltrato mentalmente. Fico imaginando quantos desses amantes não correspondidos não dormiram essa noite pensando em seu amor, quantos desses sofrem insônias todas as noites de tanto remoer-se por dentro, quantos desses mutilam suas mentes diariamente afim de esquecer seus amores e não obtém sucesso. E como dizia Caio Fernando Abreu: amor é falta de QI, tenho certeza. Afinal, quem em sua sensata lucidez ia escolher amar alguém? É claro que o amor também nos reserva coisas boas, lindas, que nos fazem sair do chão e eu sou uma admiradora nata desse tipo de romance, só passo a crucifica-lo a partir do momento que o amor espalha-se por dentro de nós, como um vírus, e danifica todo o nosso sistema, fazendo a gente esquecer o que é realmente certo e errado nessa vida. Amor não correspondido deixa os mais lúcidos em um completo grau de loucura, como se precisassem de oxigênio e não conseguissem mais respirar. Nunca vou entender a lógica do amor e muito menos conseguir descreve-lo, embora eu o crucifique, eu também amo. Amo sem era nem beira, amo porque acho inexplicável o sentimento de querer dar sua vida por alguém, amo porque meu coração já não bate como antes, ele têm estado em um perfeito acorde sinfônico, ele vive desgovernado e acelerado, como um carro em alta velocidade numa ladeira. Amo porque o que a gente não sabe explicar é sempre mais bonito. Amo sim, e amo muito, e meu QI deve ser uma merda.
Outro repertório matinal.
Cansou de levar uma vida sossegada. Nunca fora um exemplo de boa moça mas por vezes têm tentado ser ela mesma, sem mais prisões. Não digo que conquistou o mundo pois não chegara nem perto disso, tinha seus sonhos secretos expostos em folhas não mais brancas onde descrevia sutilmente sua perspectiva de vida. Não sei se cresceu por dentro pois, vez em quando, chora sem nenhum motivo aparente, não sei ao certo quando mudou de menina-não-tão-delicada para a mulher-de-língua-afiada. A única coisa certa sobre ela é que vive em constante mudança, sempre se aprimorando em tudo que lhe é sagrado. Pediu a Deus, por diversas vezes, ser alguém óbvia, pensava que assim podia atrair mais pessoas a sua volta para perto de si, mas nunca conseguiu ser assim. Sua língua afiada, o dicionário de ironias, sarcasmos e insultos nunca foram muito aceitos pela sociedade banal atual. As pessoas gostam de ouvir coisas que as façam feliz, e a mentira não era bem o forte dela, era ao contrário: as pessoas não aguentavam suas verdades, talvez por isso passou boa parte da vida escrevendo inúmeras coisas melancólicas e depressivas, embora se sentisse mais feliz dentro do refúgio do seu quarto com seus cigarros, seus livros e seus cadernos de textos. Sempre a interpretei como uma melodia que poucos conheciam e que muitos detestavam, e ela era como uma sinfonia aguda: no primeiro instante parede que seus tímpanos sangrarão mas depois de um tempo a sinfonia fica escutável, e alguns até gostam.
Quem irá nos proteger?
Mais um dia de cinzas numa cidade morta, mais um dia a menos para sobreviver entre as pessoas de mentes mutiladas. Outra vez a cidade estar em caos, mais uma batalha nossa vencida, mais corpos ocupando lugares no cemitério. E quem poderá nos proteger diante de toda a brutalidade que o mundo oferece? Quem poderá dar um basta nas nossas dores se não nós mesmo? A revolução começa dentro da gente, se vamos por-la em prática ou não cabe as nossas dores nos dizer o caminho. E se não tomarmos providências o tempo da revolução pode expirar e outra vez seremos réus da saciedade sociedade, e outra vez proclamaremos uma guerra contra nós mesmos e nunca saberemos se podemos ou não ganhar mais uma batalha. A revolução é importante, mas não é tudo. Há um vasto mundo dentro de nós que nunca imaginaríamos possuir, o grande problema se encontra aí nesse mundo perdido dentro de nós pois poucos são os valentes que se arriscam a adentra-se e sair ilesos. O mundo que possuímos dentro de nós não pode ser comparado a nenhuma guerra já vista pois as guerras, independente da sua duração, um dia sessa e o mundo dentro de nós é permanente. Precisamos adentrar cada vez um pouco mais esse mundo pois só assim poderemos vencer não só uma batalha contra milhares de homens mas uma guerra contra nós mesmos.
1/06/2012
O doce espinho da mais linda rosa.
A verdade é que sou uma mulher que não gosta de flores. Nunca gostei de receber ou dar flores por um motivo lógico: elas morrem. Quando alguém me presenteá com flores, pra mim, é uma forma de dizer que logo menos tudo que há entre nós morrerá. É horrível essa ideia de achar que algo bonito e sofisticado como uma flor pode matar os sentimentos de alguém ao longo do tempo, mas sempre a observei assim. Embora não gostasse de flores, aliás, de receber flores, gosto muito de admira-las, não sei ao certo o motivo mas acho que as flores falam por si só, elas tem muito a dizer e ninguém para ouvi-las, acho que é por isso que gosto de analisa-las. De todas as flores sempre uma me chamou mais atenção: as rosas. Independente de cor ou tamanho, as rosas tem um ar de superioridade em relação as outras. As rosas são lindas, são cheirosas e geralmente vermelhas. Que tipo de mulher, além de mim, não gostaria de receber uma dessas? Poderia ser só uma, a gente sabe que só uma rosa faz toda a diferença para certas mulheres. Mas, assim como o mundo, as rosas também tem seu lado obscuro: elas são feitas para serem cultivadas e admiradas, apenas isso, mas os humanos criaram uma tendência horrível em corta-las, em separa-las de seu ramo, é por isso que rosas têm espinhos, numa tentativa absurda de se defender sozinha, mas como algo que não fala e não escuta pode tentar se defender? Esse é mais um motivo pelo qual aprecio as rosas: são iguaizinhas a mim. Elas gostam de ser regadas, expostas ao sol, mas não gostam de serem retiradas do seu lugar de origem e quando são fazem de tudo para ferir que as retirou e quando não há mais chances para as rosas, elas apenas morrem. Assim como eu.
1/03/2012
Do outro lado da corda.
Não há mais ninguém refletindo no espelho. Eu me olho mas não me vejo, como se eu fosse alguma espécie de animal irracional que não se reconhece diante do espelho. É a mesma expressão há anos, são os mesmos defeitos que o espelho me apresenta desde que comecei a refletir minha mórbida imagem. O espelho reflete os olhos da sociedade sobre mim e como eu não exergo mais a minha aparição diante do mesmo, assim como eu, ninguém mais me vê. E dói demais. Dói porque eu era acostumada a ter sempre alguém pairando seus olhos sobre mim e tudo mudou, hoje eu não sou mais a exceção de alguém, hoje eu sou mais uma na multidão. E em meio a multidão, um dia você se perde. E perde o rumo. Já não se sabe que direção é a certa e qual jornada deve seguir e continua indo, como Deus manda, a favor do vento. Seja qual for a direção do vento, você segue com ele. E você continua seguindo por falta de escolha, porque não quer entrar em outro abismo, em outra depressão e você vai sem saber o que tem do outro lado da corda, do muro ou do mundo. De tanto ir com o vento, uma hora ele paira e aí sim você se encontra em qualquer lugar do mundo completamente perdido, é quando a gente costuma perder a fé, o foco, a força de vontade, porque é preciso ter força pra seguir adiante mesmo sem nenhum proposito. Uma hora os pés pedem descanso, uma hora você sente fome e precisa saciar sua sede, uma hora você precisa parar e refletir aonde quer chegar. Uma hora você precisa dar uma parada nessa loucura que é ir com o vento sem direção e decidir aonde quer chegar, qual o real proposito de seguir adiante com o mundo bem atrás de você completamente destruído. Uma hora você precisa pegar uma rota nova pois já não tem funcionado seguir viagem sem um motivo sólido. É nessas horas que a maioria olha pra trás e volta ao ponto de partida. Às vezes não é porque voltamos atrás que desistimos, às vezes a gente cansa de ir atrás de algo que não vale a pena. Mas acho que é aí, quando se estar perdido em meio ao caos do mundo, que você precisa erguer a cabeça e se olhar diante do espelho, porque apesar de não saber o que acontecerá, um dia sem perceber você descobre o que tem do outro lado da corda, do muro, do mundo.
1/02/2012
Dias de céu azul.
"Presta atenção, menina, nem todo o céu azul é sinônimo de dia feliz."
Li isso em algum lugar mas não lembro aonde, só sei que combina direitinho com a vida vazia que eu costumava levar. Me lembro pouco desses dias solitários pois fiz questão de apaga-los da minha nova memória. Agora tudo que eu me lembro são das melodias que gosto, geralmente são os assobios afinados dos pássaros que invadem a varanda da minha casa, e me lembro especialmente dos sorrisos e abraços que ganhei e ganho todos os dias, seja lá de quem for. Gosto de abraços e de sorrisos, gosto porque uma das poucas lembranças que tenho da minha antiga memória é que qualquer pessoa pode sorrir estando triste mas ninguém pode abraçar alguém e transmitir aquela energia se não for um abraço verdadeiro. Eu aprendi a ler olhares e não lábios. Me fale uma porção de coisas e enfim deixe-me olha-lo nos olhos e então saberei se tudo que acabara de me contar era verdade ou não, se tinha uma emoção ou não. Aprendi, aos pouquinhos e com cuidado, a cuidar das pessoas que estão ao meu lado, às vezes fraquejo e solto uns berros, afinal ainda tenho algumas coisas da minha antiga vida e da antiga memória tão dolorida e cansada de ser alfinetada. Mas cuido do que tenho e de quem tenho. Na verdade não tenho ninguém, mas não veja isso como solidão, veja isso como desapego. Aprendi que nenhum ser que respira pode ser meu por inteiro, pode apenas ser meu por algum tempo mas depois tenho que deixa-lo ir, seja porque a vida quis assim ou porque ele mesmo quis partir. Aprendi com dor no coração porque essas coisas de partidas doem demais, mas aprendi que preciso deixa-los ir porque um dia, quem sabe, eles sintam saudades e voltem para o meu aconchego ou talvez vaguem para sempre em um mundo perdido que eu costumava frequentar. Não sei como me renovei ou como conquistei uma vida e uma memória nova, apesar de achar que o amor me salvou, mas sei que agora já posso olhar para o céu azul e dizer que nem sempre o dia vai ser igual ao céu, mas com certeza o céu limpo ajuda a gente a ser feliz.
"Presta atenção, menina, nem todo o céu azul é sinônimo de dia feliz."
Lembrei de onde li tal frase: da minha antiga memória, que apesar de doída, ainda me lembra que nem tudo é um mar de rosas.
Li isso em algum lugar mas não lembro aonde, só sei que combina direitinho com a vida vazia que eu costumava levar. Me lembro pouco desses dias solitários pois fiz questão de apaga-los da minha nova memória. Agora tudo que eu me lembro são das melodias que gosto, geralmente são os assobios afinados dos pássaros que invadem a varanda da minha casa, e me lembro especialmente dos sorrisos e abraços que ganhei e ganho todos os dias, seja lá de quem for. Gosto de abraços e de sorrisos, gosto porque uma das poucas lembranças que tenho da minha antiga memória é que qualquer pessoa pode sorrir estando triste mas ninguém pode abraçar alguém e transmitir aquela energia se não for um abraço verdadeiro. Eu aprendi a ler olhares e não lábios. Me fale uma porção de coisas e enfim deixe-me olha-lo nos olhos e então saberei se tudo que acabara de me contar era verdade ou não, se tinha uma emoção ou não. Aprendi, aos pouquinhos e com cuidado, a cuidar das pessoas que estão ao meu lado, às vezes fraquejo e solto uns berros, afinal ainda tenho algumas coisas da minha antiga vida e da antiga memória tão dolorida e cansada de ser alfinetada. Mas cuido do que tenho e de quem tenho. Na verdade não tenho ninguém, mas não veja isso como solidão, veja isso como desapego. Aprendi que nenhum ser que respira pode ser meu por inteiro, pode apenas ser meu por algum tempo mas depois tenho que deixa-lo ir, seja porque a vida quis assim ou porque ele mesmo quis partir. Aprendi com dor no coração porque essas coisas de partidas doem demais, mas aprendi que preciso deixa-los ir porque um dia, quem sabe, eles sintam saudades e voltem para o meu aconchego ou talvez vaguem para sempre em um mundo perdido que eu costumava frequentar. Não sei como me renovei ou como conquistei uma vida e uma memória nova, apesar de achar que o amor me salvou, mas sei que agora já posso olhar para o céu azul e dizer que nem sempre o dia vai ser igual ao céu, mas com certeza o céu limpo ajuda a gente a ser feliz.
"Presta atenção, menina, nem todo o céu azul é sinônimo de dia feliz."
Lembrei de onde li tal frase: da minha antiga memória, que apesar de doída, ainda me lembra que nem tudo é um mar de rosas.
E que venha apenas as pessoas capacitadas, o resto pode ir em frente.
Embora as terapias resolvessem meus problemas por um tempo, nenhuma terapia do mundo foi capaz de me fazer esquecer você. Não tinha jeito para o que eu sentia. Tomava remédios, dormia muito, bebia até o ponto de não lembrar meu nome, fumava até o fôlego acabar. E nada, nada disso resolveu nem por um minuto se quer. O que eu precisava pra curar minha dor era você, embora fosse exatamente por você que eu sofria. Era por você as minhas dores cotidianas. Era por você todas as sessões de terapias, todos os maços de cigarros, todas as garrafas quebradas no lixo. Era por você, era pra você. Era a minha forma maluca de te pedir pra voltar, de te dizer que eu estava enlouquecendo sem você aqui. Às vezes o destino nos leva as pessoas das quais mais amamos no mundo e por conta disso sofremos absurdos, esmagamos nossos corações para que fique incapacitado de receber qualquer outro tipo de visita, mas com o tempo a gente aprende que o destino não leva quem a gente ama, ele leva quem não nos faz bem. E os verdadeiros, os capacitados e cheios de amor para dar, voltam. É assim e sempre foi, quem te merece e quem te quer bem volta, independente de quanto seja triste e solitária a jornada até a volta para o seu coração, mas quem não faz diferença se perde no caminho e fica por lá mesmo. Aprenda de uma vez por todas que a vida é assim, as pessoas são assim, se elas lhe quiserem, voltam. Se não a quiserem, partem. E não se doa mais por isso, porque esse tipo de ser humano que vai e não volta não merece nossos prantos, nem nossos olhinhos inchados, nem nossas bebedeiras sem hora. E tudo que resta é a indiferença. E isso machuca muito mais.
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