6/22/2016

Cunho.

Ainda consigo sentir suas mãos deslizando pelo meu rosto, seguindo a curvatura do meu pescoço para o ombro. Consigo lembrar, vividamente, da sua mão na minha cintura. Consigo distinguir sua impressões digitais em cada parte do meu corpo. 

Ainda lembro dos teus olhos penetrando o meu. O castanho-claro-médio-que-eu-não-sei-definir que me prendeu por mais de dois minutos - coisa que os outros olhares alheios não conseguem. Lembro de mergulhar dentro daquele olhar e esquecer tempo e espaço, de querer viver dentro do olhar de alguém, mesmo que todo o desejo dentro daquele olhar fosse inteiramente carnaval. 

Ainda escuto tua risada ecoando pela sala enquanto você não conseguia ligar a Tv. E aquela risada não era, nem de longe, a minha risada favorita e foi exatamente por ela ser um tanto desengonçada que eu nutri um carinho especial por ela. 

Ainda sinto o calor dos teus braços envolvendo cada pedaço do meu corpo. Lembro os tremores que me fez sentir e como eu queria que aquilo não acabasse. Lembro que eu pensei: eu poderia fazer isso o dia inteiro e todos os dias a partir de hoje, eu não me cansaria nunca de ter você dessa forma. 

Adorei olhar pro lado e ver teu sorriso se formando entre o beijo. Sucinto, suave, leve. Lembro que vê-lo me fez sorrir instantaneamente. Eu gostei de me perder naquele sorriso também. Ele me levava a explorar teus lábios, tua língua, teu cheiro, teu gosto. 

Ainda tenho um pouco do teu cheiro penetrado em mim - em alguma parte da minha alma que fez questão de guardar este cheiro bom que você tem - e saberia, daqui a mil anos, distinguir ele dentre os demais aromas presentes. Ele é único. Você é único. 

Casualidades da vida que nos chega e parte, que nos chega e invade, que nos chega e nos deixa. Um cunho deixado no corpo, na alma, no olhar, nas lembranças. Mesmo que eu pudesse esquecer, eu não esqueceria. Mesmo que eu dependesse disso, eu não iria escolher esquecer. 

Você me trouxe a paz que o mundo vem me tirado há muito tempo. 

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