5/21/2016

Torpor

Tenho me estragado diariamente. Pacotes inteiros de cigarros são consumidos pelos meus pulmões em poucas horas dentro de uma extensa madrugada. A noite corrói meu coração ardente e a sensação de vazio não esvai quando o sol aparece. É quase como morrer, mas continua-se vivo. E, talvez, essa seja a pior morte: quando já não sente nada e continua, sem fé alguma, em frente.

Tenho morrido diariamente. Doses atrás de doses de bebidas baratas que pago com um cartão que consegui depois de trinta dias em pé numa loja que eu costumava odiar. O dia corrói minha alma selvagem e a sensação de utopia assombra minha mente eufórica. É quase como não sentir, mas continua doendo. E, talvez, essa seja a pior dor: quando já não se entende pelo que sofre, quando só sabe sentir a mesma dor e aquela parcela de culpa, sem entendimento algum do que passa.

Tenho me anulado diariamente. Conversas que nunca me dão respostas com pessoas que nunca fizeram parte da minha vida estão presente como nenhum amigo ou amor esteve. A tarde parece matar meus sonhos tórridos e solitários. É quase como entender, mas continuo sem entender absolutamente nada do que se passa dentro e fora de mim. E, talvez, esse seja o pior de mim: quando tudo está quieto demais na superfície e eu continuo me mutilando por dentro.

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