1/07/2015

Valsa da Meia Noite.

A morte é como uma piada infame contada por aquele parente chato que chega sem ter sido convidado para as festas do fim de ano. Talvez, a morte seja exatamente o parente chato. Vejo a morte como uma descrença de vida. É como conseguir provar a um religioso que o seu grandioso Deus nunca existiu.

Receio que a morte nunca fora bem vinda em nenhum lugar. É como uma peste que se alastra e toma conta de cada indivíduo presente naquele meio. Quando alguém morre, todos aqueles que estavam por perto e o adoravam morrem um pouco também.

Vejo-a como uma velha amiga de colegial que não vejo há anos e volta e meia se esbarra comigo pelas ruas para contar-me as novidades. Mas as novidades nunca são boas. É aquele tipo de novidade que faz você não querer se esbarrar com aquela velha amiga de novo. Nunca mais. Mas ela sempre aparece.

É tortuoso acreditar que conheci homens que foram a guerras, que construíram inúmeras armas nucleares e morreram como meros animais indefesos. Porque, no fim, nós somos iguais e a carne apodrece da mesma forma para o bom e para o mau, para o rico e para o pobre, para o branco e para o negro.

Ainda pensando sobre tais homens que conheci, admiro muito a morte nesse quesito: deixar-lhes acreditar que são invencíveis para depois morrerem como quem  nada fosse. Homens que serviram a pátria morreram por uma gripe, homens que fizeram guerras morreram por uma virose boba mal curada.

A morte sempre estará presente em nós assim como a vida está. Porque, na verdade, aprendi mais sobre essa pequena intrusa: ela não está nem aí para o que você quer ou deixa de querer. Passamos uma vida inteira fazendo planos, juntando dinheiro, preocupando-nos com as contas para pagar e o dinheiro que nos falta mas nunca paramos para viver intensamente sem nos importar com o amanhã.


Hoje é um dia decisivo. Talvez não para mim ou para você, mas com certeza para alguém. Hoje alguém vai morrer. Hoje alguns irão morrer. Talvez milhares. E não há nada que possamos fazer. Nem Deus, nem medicina, nem ciência e nem tecnologia alguma nos salvará da morte. Estamos destinados a ter um fim. Espero que o meu não seja tão trágico assim. 

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