Eis que chega
a tão esperada sexta-feira. Você esperou a semana inteira por esse bendito dia.
O calor é insuportável, mas você continua sorrindo para as pessoas, para os
animais e até mesmo para as flores que trombam contigo no caminho. Está tudo
relativamente bom demais porque hoje é sexta-feira e amanhã não há trabalho
chato, horário pra acordar ou chefe perguntando sobre os relatórios.
Você sai do
trabalho com a alma leve, o sorriso estampado pra quem quiser ver. Dá boa noite
para o porteiro e cumprimenta os vizinhos no elevador. Todos notam como você
está radiante e se entusiasmam com seu sorriso largo.
Você chega em
casa já tirando os sapatos, joga a bolsa no sofá e já disca para a primeira
amiga da lista. Depois de confirmar com as outras três amigas, você vai para o
seu banho de beleza. Demora meia hora em um banho que em qualquer outro dia
levaria apenas cinco minutos. Sai do chuveiro cantarolando a música pop do
momento que você, durante a semana, está enjoada de ouvir, mas hoje não. Hoje é
sexta-feira e aquela música é sua canção favorita no mundo inteiro.
Depois de uma
hora ou duas, você está pronta. As amigas estão no saguão esperando você. Todas
arrumadas como quem estivesse indo para a maior e melhor festa de suas vidas.
Todos os sorrisos combinam naquele momento. Quase como se um sorriso não
pudesse existir sem o outro. Você está linda! Suas amigas estão lindas. Tudo está
completamente maravilhoso.
Eis que chega
a hora de ir para a tal festinha. A boate, o bar, o pagode, o funk – ou seja lá
para onde você esteja indo. Todas estão no mesmo carro e você está feliz por
não ser a motorista da rodada porque a intenção do dia é de dar um grande pt!
O semáforo foi
do amarelo para o vermelho. Biquinhos surgem dentro do carro. Estão loucas para
chegar ao destino. E abre. Então os próximos semáforos parecem não cooperar e
quase todos estão vermelhos quando vocês estão próximas a eles.
Como se não
bastasse, há um acidente bem na rota que liga o caminho até o local de desejo.
Um trafego caótico. Carros buzinam, gritaria, criança que grita no carro do
lado, gente que está voltando do trabalho com caras emburradas e olhando com
inveja ou desdém para o carro onde você está.
Nada anda.
Tudo está estagnado. O tempo corre. Meia hora, uma hora, uma hora e meia. A
impaciência está no limite. Não há como voltar ou pegar outro caminho. Você
precisa estar ali! Não há para onde fugir ou se esconder. Seus pés começam a
doer antes mesmo de estar dançando, suas pernas estão formigando e seu bumbum
está completamente quadrado! Você só tem um leve desejo: você quer ir pra casa.
Você só quer
ir pra casa!
Duas horas e
meia depois, vocês conseguem sair daquele trafego horrível e desmotivador. Mais
meia hora para chegar ao destino. Todas estão com aquela feição de que o dia
fora destruído. Não há bar que salve, não há boate que te levante, não há
pagode que te melhore e muito menos funk que te anime. Você quer ir pra casa.
Ninguém mais
está sorrindo ou feliz. A boate para onde decidiram ir está vazia. Há um grande
show na cidade onde todo mundo parece estar. Você está puta da vida! É um dia
de merda onde deveria ser um dia animado, feliz e descontraído.
Suas amigas
insistem para que fique com elas quando você resolve voltar para casa. Você não
está com cara de muitos amigos e acaba sendo estúpida com elas. “Melhor você ir
embora”, elas pensam. E é o que você faz.
Um táxi,
quarenta minutos depois e quase oitenta reais gastos, você chega em casa. Tira
os sapatos, joga a bolsa no sofá e abre a geladeira pra se embriagar com o
primeiro vestígio de álcool que surgir.
Um vinho e um
programa de culinária depois, você está apagada no sofá da sala pensando: a
vida é um transito caótico numa sexta-feira à noite.
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