12/13/2014

Erosão.

Não há o que me salve da vida. 
Não há o que me salve da morte.
Não há, nem mesmo, um abrigo pra mim.
Muito menos a quem me apegar.
Já não há ancoradouro em meu ser.
E eu não posso contar com ninguém.
O mundo é um hospício a céu aberto
E todo mundo está louco
Ou enlouquecendo aos poucos.
E estamos todos trancafiados em nós mesmos
E ocupados demais para olhar para a alma do outro.
E eu me desmancho em lágrimas sozinho no quarto escuro
E o grito é contido pelo meu travesseiro
Eu não quero acordar a minha família e os vizinhos.
Eu não quero que o mundo veja minha dor.
Por isso, todas as noites eu choro sozinho ao apagar das luzes
Parte porque ninguém se importa com o motivo
Parte porque eu não quero que ninguém me abrace agora
Porque estou ocupado demais nutrindo esse ódio em mim
Pra ser capaz de compartilhar minhas dores.
Porque sou egoísta demais pra ouvir o outro a fundo
Enquanto ele não puder ouvir a minha parte, também.
E é por isso que eu não vejo saída nesse absurdo
Porque todos estamos em um abismo indelicado da vida
Vivendo loucamente as loucuras que não entendemos. 
Não há motivo algum pra viver, eu receio.
A pior parte está aí: também não vejo motivo algum pra morrer.
Não mais, porque de suicídio eu entendo bem.
Tentei me matar mais vezes do que já respirei.
É que eu sinto todas as dores do mundo 
Mas ninguém me sente, entende?
Estou em um complexo infernal comigo mesmo
Estou deixando todo o meu pecado findar.
Estou me esquecendo de como sentir coisas boas
Estou me esquecendo de como ter bondade
Estou me esquecendo de como ser mais feliz 
Estou me esquecendo de como fazer o outro mais feliz.
Porque, eu juro, se eu pudesse fazer algum ser sorrir agora
Talvez essa dor passasse por ora
E eu sorrisse também.

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