O verão me deixou mais bronzeada, confesso. Mesmo que essa
não fosse a intenção. Por que antes de estar aqui, nesse lugar, nessa bendita
estação e escrevendo isso através de um lap top em frente ao mar, eu estava
trancafiada em você.
A semana em que tudo aconteceu pareceu a semana mais calma
de lá pra cá. Por que tínhamos terminado tantas outras vezes e, pra mim, aquela
seria mais um termino bobo do qual voltaríamos correndo um para o outro dias
depois. Mas os dias se passaram.
Tudo bem, também. Umas semanas. Às vezes, casais precisam de
férias um do outro – pra respirar, pra viver sem, pra esquecer, pra melhorar, pra
fortificar – e essa ideia estúpida foi o que me fez seguir algumas semanas
ainda esperançosa e cheia de expectativa para o nosso reencontro, como de
praxe.
E as semanas transformaram-se em meses. E o primeiro mês foi
terrível. De um poço quase sem fim. Cavei um buraco em mim que achei que não
tivesse fim. E apaziguava minha dor com bebidas e festas que eu odiava, com
pessoas que eu não conhecia e outras que eu detestava. Mas eu estava lá. Por
que você tinha me deixado e isso era o fim do poço pra mim, beber tinha sido
minha ultima alternativa para esquecer você.
E o primeiro mês foi tranquilo, até que calmo, em relação
dos meses que seguiram. E a bebida era companheira de todas as horas, quando
não estava apenas eu e uma garrafa de vodca estava eu e alguém que eu tinha
conhecido por aí e a garrafa de vodca. E ninguém, ninguém mesmo, nesse meio
tempo conseguia me fazer esquecer você. E eu rezava para te esquecer, todas as
noites.
Muito tempo depois eu vim descobrir o que era o que a vida
tinha feito para mim: pregado-me uma peça sádica e doentia, mas uma peça que eu
precisava interpretar um bom papel. E entendi que não era sobre mim ou sobre o
mundo, era sobre você. Era sobre você não ser o cara certo pra mim. E por mais
que eu ainda te ame e por mais que ainda me doa muito falar sobre você ou ouvir
alguém falar sobre você, estou bem. Estou ficando bem. Estou melhorando todos
os dias.
Não enlouqueci. Não me rasguei por dentro. Não morri. Por
vezes, achei mesmo que não fosse aguentar. Me afundei e me levantei da lama
diversas vezes nesse meio tempo. E você não estava aqui para minhas derrotas e
minhas vitórias. Foi como eu aprendi a ser sozinha. Sem você por perto, a única
pessoa que me dava paz e esperança, aprendi que nenhum outro ser humano pode
ser realmente bom o suficiente para merecer minha companhia e compaixão a todo
e cada segundo. Você era tudo pra mim e o meu tudo me deixou sem nada.
Hoje lembro de você e não choro. Rezo baixinho, vez em
quando, só pra que anjos lhe protejam e te deem paz e felicidade. Por pior que
tenha sido e por pior que eu tenha ficado, daria tudo que posso para vê-lo
feliz. Mas, por favor, seja feliz bem longe de mim. Por que eu estou sendo
muito feliz enquanto estou sozinha e me amando.
Um comentário:
Junta tudo e escreve um livro.
Beijo no coração!
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