Outro amanhecer ensolarado na cidade mas o meu peito
continua coberto pela neve, pela camada de gelo e pelo frio trêmulo que você deixou
enquanto passava uma pequena temporada habitando meu coração.
Não vejo outra saída. Continuo acordando na mesma cidade,
continuo a mesma pessoa mas a dor é um tanto mais violenta a cada novo dia.
Como se o tempo não fosse curar nada. Como se o tempo que passasse, a cada
maldita hora que passara, fizesse de você um assombro eterno pra minha mente.
Não choro mais. Meu coração quebrado e gelado não permite
que eu emita emoção alguma. Não há vontade de chorar, de sorrir, de sofrer.
Ninguém reconhece minhas expressões, ninguém mais sabe como lidar comigo. Não
sei mais quem sou ou quem me tornei depois de você.
Soa doentio quando alguém me ouve resmungar pelos cantos do
apartamento o quanto é dolorido. O quanto de mim você levou, o pouco de mim que
ficou.
Amanhã amanhecerá outra vez. Será só mais um dia normal para
todo o resto da humanidade. Mais um dia doloroso e assombrado com lembranças
tuas, pra mim. Haverá um tempo de paz, eu sei que haverá. É do ser humano esquecer
e deixar pra lá, por mais que doa e por mais que demore. É tempo! E o tempo
está passando.
Amanhã doerá, talvez depois de amanhã também. Daqui há
alguns meses, quem sabe, anos, ainda doerá. Mas em algum tempo haverá de
passar. Eu não preciso desse gelo no meu coração, eu não preciso de você nas
minhas lembranças. Eu só preciso de tempo e esse, eu sei, está a meu favor.
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