3/20/2012

Toda dor de um amor.

Quando a minha vida desabou – e eu falo no exato momento em que o pus para fora da minha cara – eu fiquei sentada no chão da cozinha por duas horas e chorei desde que ele foi embora até as três da manhã. Não fumei nenhum cigarro, não bebi nenhuma vodka, não escrevi nenhum trecho de dor ou de rancor pelo simples fato de que a dor era tão intensa que eu já não tinha mais motivação para levantar daquele chão. Quando então me pus a levantar, jogar uma água no corpo e ir deitar, rolei na cama umas duzentas vezes pensando em como tudo acabara, pensando como cinco anos de conhecimento acabara de ir parar na lata do lixo. Talvez eu tenha errado, eu sei que errei e não foi pouco mas ele também errou e mesmo assim não consigo mais culpá-lo por isso, todo o erro de uma vida caiu sobre meus ombros e agora tenho andando com um peso sobre-humano dentro do peito. Quando ele partiu, quando passou da minha porta e me deu um singelo beijo na testa, eu perdi todo o chão e todo o ar que havia dentro dos meus fracos pulmões e por um grande instante eu quis gritar a ponto de acordar toda a vizinhança mas em vez disso eu chorei. Chorei por quase seis horas sem parar, o pequeno espaço de tempo em que eu não chorava era quando eu lembrava de tudo de melhor que pudemos viver mas logo depois vinha a depressão de não tê-lo mais aqui, em mim. O piso branco da cozinha foi palco principal da minha melancolia, foi naquele chão sujo que eu me deitei e não quis mais levantar, foi naquele chão sujo que eu dormir por meia hora antes que o relógio pudesse despertar. Quando de pé, quando, enfim, um novo dia chegou, eu já não era mais a mesma e estava estampado em minha cara que tudo em mim havia mudado. Rasgaram meu coração como se fosse um papel e eu, boba e inocente, acabei deixando que o fizessem. Procurei analgésicos, drogas, cigarros, bebidas, pessoas mas nada podia preencher sua ausência, tentei telefonemas e abraços mas nada era tão reconfortante quando você estava por perto, tentei até mesmo outros beijos mas na hora H eu não via outro rosto, outro corpo, outros lábios além do seu e então recuava. Não vou dizer que passou, acho que essas coisas é uma das coisas que a gente leva pra sempre dentro da gente por mais que o tempo passe, são essas coisas que fazem a gente acordar numa manhã de domingo daqui há três anos, olhar para o lado e sentir o vazio profundo da vida e chorar até não existir mais lágrimas para serem derrubadas. São coisas do coração, eu tentei do meu melhor jeito e ainda sim não consigo explicar tudo aquilo que eu senti e tudo aquilo que se passara no momento, só sei que dói, que faz sangrar por dentro e por fora. Só sei que minha solidão é meu único abrigo, agora.

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