3/14/2012

Ao novos sonhos românticos.

Ele tinha olhos de quem já havia sofrido por amor, mas me olhava de uma forma como se esperasse que eu pudesse retirar ou apagar da sua memória toda a dor que já havia sentido antes. Do pouco que sei do amor é que ele, quando não correspondido, machuca e isso era tudo que eu tinha pra contar a quem me viesse perguntar sobre tal. É claro que eu poderia dizer os pós e contras universais sobre o amor, o quanto é bom e ruim ao mesmo tempo e todas essas baboseiras que até mesmo quem nunca amou sabe de cor de tanto ouvir as pessoas dizerem. E eu, de fato, queria mesmo poder tirar a tristeza que havia no fundo daqueles olhos, eu quis abraçar um desconhecido e conforta-lo sob o meu abraço, eu quis chorar assim que seus olhos de pedra pairaram sobre mim. Eu não respirei por dez segundos. Dez segundos foi o tempo que ele levou pra se dar conta que todos perceberam que seus olhos não desgrudavam dos meus. Me senti estranha, perdida, como se algo estivesse acontecendo e eu não tivera prestado atenção e embora eu até tivesse parado de respirar, eu gostei da sensação que causou. Eu gostei de como o corpo dele se movia de acordo com seus olhos, eu gostei de como ele caminhava ao me deixar pra trás entre a multidão e, às vezes, olhava sobre o ombro pra ver se eu tinha de distanciado demais. Eu gostei do momento em que tocou minha mão, do modo como me encarou e pediu permissão pra se apresentar. Eu gostei porque não é todo dia que a gente sonha com o amor.

Nenhum comentário: