12/14/2010

Diário de uma solidão.

Não escrevo há dias,talvez semanas. Não tenho inspiração pra mais nada desde que levaram minha alma embora. Vinte e quatro horas são poucas horas para se viver.
Tenho me importado menos:pessoas,lugares,coisas. Tenho quase esquecido que tenho a obrigação de me importar até comigo mesma.
Sou uma garota a mais na arquibancada do imenso estádio de futebol,sou mais uma em meios de uma passeata pra legalização de qualquer droga. Sou mais uma e tenho me acostumado a ser mais uma desde então.
Além de mais uma,sou só mas ainda me pego pensando se isso tudo é solidão ou se sou mesmo uma garota solitária e pra quem contra-argumentar existe uma grande diferença em solitária e solidão.
Café quente é a unica coisa da qual tenho me abastecido ultimamente,cansei de devorar amores alheios em um prato imundo de um boteco enquanto eu comia as sobras do que restava do amor dos outros enquanto eles se deliciavam no incrível banquete para dois.
Tudo que havia no meu estômago está começando a ir embora,as borboletas foram embora,também. Quase me esqueci como é essa sensação de ter sua barriga formigando por dentro,como se você se fizesse cócegas e as sentisse.
Acho que gosto de um cara mas cansei de achar muita coisa,da ultima vez que achei algo eu o perdi no mesmo instante por medo de falar algo que pudesse mudar nossas vidas. Não sei se gosto dele. Acho,bendita palavra escrota,que eu gosto da idéia de gostar de alguém.
Sabe aquele gostar tímido e ingênuo?O mesmo gostar que você tinha pelo seu coleguinha de trás na segunda série?É esse gostar do qual falo. Acho que as pessoas perderam-se e não querem ser encontradas quando o assunto é amor verdadeiro. Quero me perder e não se encontrada,também.
O quarto está vazio há tempos,também. Mas esse sempre esteve. Nunca me vi com alguém tempo ou intensidade suficiente para que acabasse na cama do meu quarto. Não durmo na minha cama há dias. Na verdade,não durmo mais.
A casa,pela manhã,cheira a grama recém cortada porém,a noite,fede como um puteiro em João Pessoa.
Guardei algumas cartas que fiz para ninguém e percebi que de tantas cartas que escrevo nenhuma tem uma idéia feliz,todas falam da minha decepção com eles ou como eles me deixaram,como vão me deixam ou como eles me amam demais e é a hora de eu deixa-los. Não consigo ser feliz nem nas minhas mentiras.
Tenho um Mr.Mistério do qual pode ser qualquer uma pessoa no planeta. Eu guardo para ele não só meu coração mas meu corpo,minha alma,minha vida. Estou morrendo aos poucos,a cada dia que passa morro um pouco mais.
Ligo a tv,às vezes,para que eu possa ouvir as vozes de outras pessoas e não só da minha mente me gritando palavras amargas que quando chegam no sistema nervoso causam impacto.
Outro dia cortei meus pulsos com um pequeno pedaço de vidro do copo que eu deixei cair sem querer,essa era a segunda vez que eu me auto-mutilava e sem uma explicação lógica e coerente nem para mim mesma me fiz acreditar que eu fazia isso apenas pra me ver sangrar mas eu sabia que não era somente por isso. Tinha mais coisa ali. É estranho e doentio mas quando eu me corto me sinto longe de todas as coisas ruins que me fizeram chegar aquele ponto. Enquanto eu me cortava não existiam mais problemas. Aquela dor era altamente suportável e eu era quase que feliz por uma breve fração de segundos.
Tenho chorado lágrimas amargas,de solidão,de tristeza quase que todas as noites antes de me iludir achando que consigo dormir e a cada vez mais parece que perco pedaços de mim que se vão para sempre e mesmo que eu volte atrás e faça tudo igual,jamais verei esse pedaço meu novamente. Estou em metamorfose e a sensação não é tão boa quando parece.
Não há muito o que se fazer,algumas pessoas nascem para sentir o gosto amargo do que a vida. Eu sou a escolhida número um,se você se interessa em saber.

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