8/24/2010

Depois do inverno.

Mês de junho.Um casaco nunca foi o suficiente pra aquece-lá da forma que ela gostaria.Ela não tinha um par,também.As coisas eram mais complicadas no inverno.Ela havia deixado de lado seu café quente e seu caderno poético.Nas mãos,agora,uma garrafa de whisky lhe fazia companhia.Uma carteira de cigarro em cima da escrivaninha era tudo que ela poderia chamar de "meu".Ela perdeu muita coisa desde o inverno anterior até esse.Ela perdeu seu par,também.Suas poesias não tinham mais sentido pra ela,nem pra ninguém.O café havia esfriado.Seu quarto era o único cômodo da casa na qual ela se sentia refugiada mas,ainda sim,ela sentia-se só.Ela sempre foi só,até encontrar seu par.Seu antigo par.Um ano havia se passado desde o último contato com o mundo exterior.Ela não pensava mais nela nem em nada que a fizesse feliz.O seu último sorriso eu não lembro onde se enfiou.Vejo lágrimas.Oh,sim,essas eu vejo todos os dias.Tenho secado-as também.Um inferno astral é a vida dela,agora.O inverno é só mais uma estação que ela odeia.Mas afinal,o que ela não tem odiado?Até o canto dos mais belos pássaros a irrita profundamente.A única coisa que está ao lado dela o tempo inteiro são seus cigarros e as suas bebidas.Já falei que isso foi o que restou para ela chamar de "meu"?Os dias estão passando cada vez mais longos pra ela.Está sendo difícil conviver e suportar o seu próprio eu mau-humorado.Ela espera dias melhores.Eu também tenho esperado por esses dias.

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