3/30/2017

Sobre os amores impossíveis que a vida me trouxe.

Talvez tenhamos sido tudo que poderíamos naquele momento e isso sempre bastou na minha reserva de memórias para mantê-lo guardado em minha história; mas será que é possível que a gente tenha se esquecido como éramos? 

A vida sempre riu na minha cara depois de me derrubar e eu me acostumei facilmente com isso depois de perceber que não há o que se fazer além de se reerguer e continuar, nunca tive problemas em cair por vezes seguidas mas sempre tive problema em dar um passo a frente depois de me levantar de cada queda. O primeiro passo sempre é o mais difícil. 

Quando você chegou, a vida estava boa e as quedas não eram tão constante como antes e isso me animava, parecia que eu tinha encontrado um equilíbrio saudável; a verdade é que eu nunca gostei de equilíbrios. Eu sou muito intensa pra gostar de qualquer coisa balanceada. Ou no oito ou no oitenta, nunca entre eles. 

Você atropelou a forma como eu via a vida, desmontou todos os meus dizeres e pressupostos; me apontou a direção contrária àquela que eu costumava ir. Você pegou minha mão e não perguntou, me levou e eu segui. Eu não me importava para onde iríamos desde que estivéssemos juntos. Eu sabia que naquele momento você poderia me arrastar para o inferno que estaria tudo bem contanto que houvesse sua mão para eu segurar no processo. 

A intensidade e a velocidade com que as coisas acontecem me assustam, mas eu não tive temor algum quando eu percebi que a gente caminhava a cento e oitenta quilômetros por hora enquanto as outras pessoas, na mesma situação, não passavam dos dez quilômetros por hora. Eu percebi que, de algum modo, com você era diferente. E foi. 

Se eu puser no papel o tempo de duração, com certeza não preencheria nem metade da folha. O fato é que a gente viveu muito em pouco tempo. E talvez tenha sido exatamente isso que estragou tudo - ou fora exatamente isso que nos levou a ter paz. 

Eu olho para aqueles dias e não sinto mágoa, apesar de tudo. Eu lembro e sorrio. Eu lembro e até sinto um pouco de falta. Porque, de algum modo, toda aquela loucura me trouxe a pessoa que eu sou hoje e isso eu sei que não é qualquer um que poderia me trazer. No fim, eu estava certa: você era diferente de tudo que eu já tinha sentido. 

Talvez não tenha sido amor, talvez não tenha sido nem mesmo paixão, talvez estivéssemos presos demais ao medo de perder que sufocamos até a o ar acabar. E o ar acabou. E quando eu pude respirar novamente, longe de você, eu percebi que o processo de aceleramento pode ser bom em alguns casos, mas pode te sufocar se não conseguir frear as coisas. 

Você é aquele amor que não emergiu, mas que guardo sempre na caixinha de memória pra volta e meia te resgatar e te lembrar o quão importante foi o seu papel na minha jornada. Não vou esquecer isso, não vou esquecer você. Não me importo que se esqueça de mim. Eu aprendi que amar alguém é isso: libertar o outro de todas as formas possíveis. 

Nunca findamos, mas não precisamos. Somos capazes de viver com o peso dessa impossibilidade sem culpa. Foi muito bonito e a gente se gostava muito, mas acabou. 

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