2/04/2013

Itinerário.


De todas as minhas verdades e até as meias verdades, também sobre aquelas verdades que eu não te conto, você é aquela que mais prevalece em mim e, desculpa o auê que vou fazer, mas é a que também mais me dói. 

Não funciono com itinerários, não tenho hora para chegar e nem hora para partir. Faço parte de um mundo só meu onde nada é previsto, pensado ou planejado. Deixo que as coisas cheguem até mim da maneira mais confortável possível, assim como deixo que as coisas partam para longe da forma menos dolorosa possível. 

Você me contradiz. Dura questão idealizadora. Você me faz ter itinerários. Quando vem, não quero que parta. Quando parte, quero que volte. Queria ter teus horários prescritos, como aquele remédio que hoje em dia me ajuda a dormir quando tu invade porta a fora. 

Quase soa doentio, quase soa poesia. Você me contradiz, já disse. É querer ter o mundo em mãos mas não consegui abri-la, é querer abraçar o mundo e não se mexer, é querer tomar de assalto seu coração mas continuar imóvel. É querer que você queira ficar. E eu espero que queira, um dia que seja, ficar por ficar. Só pra testar. Só pra não ter que me fazer pensar sobre idas e vindas, sobre rotas e roteiros.

Não é poesia. Não é doença. O que sinto é indescritível mas os médicos analisam como paixonite aguda, já que não acharam nome melhor para dar ao sentimento. Então, talvez, eles possam estar certos e eu, talvez, esteja mesmo sofrendo disso aí que eles rotularam. Talvez eu esteja mesmo desesperado por você, essa é a verdade.

Não quero que fique porque eu quero que fique, quero que fique porque você quer ficar. Assim como idas e vindas jamais planejadas por mim, quero que você seja algo do qual eu possa me lembrar sem dor. Quero conversar com você através do meu silêncio, quero falar com você através dos nossos entreolhares. Eu só quero mais amor para nós dois, sem os problemas e frustrações dessa estação. Eu só quero um pouco mais de você sob meu cobertor, pelo sol fraco da manhã. 

Eu quero café e jornal no sofá. Quero ligações inesperadas e insaciáveis. Quero beijo e prosa. Filme e concerto. Quero hoje e quero agora. E, você que me perdoe, mas eu nunca fui de ficar esperando no ponto pelo ônibus, eu sempre fui andando até que ele passasse... e com você, meu amor, não vai ser diferente. 

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